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Imagens cedidas por Daniel Moura (Translouredo)

Agricultores bloqueiam estradas estratégicas de acesso às principais cidades francesas como forma de protesto. O setor denuncia, sobretudo, a queda de rendimentos, as pensões baixas, a complexidade administrativa, a inflação dos padrões e a concorrência estrangeira.

Leonel Ribeiro, natural de Amarante, está ligado à área dos transportes “desde sempre” e, por isso, já presenciou várias greves em França, mas confessa que “desta vez está a ser muito diferente. Estão com as decisões muito fechadas e com uma agressividade muito grande”.

Após a pandemia da Covid-19 que a empresa de Leonel Ribeiro priorizou, sobretudo, o transporte entre Portugal e França. “Temos uma ligação forte com as comunidades portugueses, temos um trabalho mais direcionado para os emigrantes, levamos os bens e tudo o que faz falta para lá, fazemos distribuição porta a porta e apostamos no contacto com as pessoas”, explicou Leonel Ribeiro, em entrevista ao Jornal A VERDADE.

Embora já tenham sido “afetados anteriormente”, o amarantino partilha que desta vez “estão a causar bastantes problemas para chegarem aos seus objetivos” e que os protestos têm tido um impacto “grave” nos camionistas. “Normalmente, fazemos uma viagem por semana, saímos à segunda-feira e regressamos à sexta-feira, mas na semana passada os protestos ficaram mais fortes e afetou-nos, só concluímos o trabalho no domingo”.

Leonor Ribeiro partilha que “onde há uma rotunda há uma paralisação” e isso obriga os camionistas a saírem para as nacionais que “muitas vezes são inacessíveis a veículos pesados e obriga-nos a ficar parados horas e horas. Para fazer 150 km em nacionais demoramos dia e meio”.

Atrasos que se refletem em impactos económicos e mentais para os empresários e camionistas. “São horas de trabalho que ficam por fazer, clientes que não recebem as mercadorias e depois o impacto mental porque estamos sempre com medo que nos façam mal, porque eles partem para a violência muito facilmente e isso não é bom para nós, nem para os funcionários… acredito que toda a gente da área tenha o mesmo sentimento, não nos sentimos seguros e é uma imprevisibilidade grande porque não sabemos quantas semanas vai durar”.

Fruto do aumento dos protestos, a equipa de Leonel Ribeiro decidiu ficar na “retaguarda” durante esta semana. “Não queremos assumir compromissos que sabemos que vamos falhar. As imagens são pequenas, porque quem está lá e passa pela situação no terreno é totalmente diferente, é traumatizante e estamos sempre com medo, são horas paradas no mesmo sítio, sem condições, sem acesso a coisas básicas, como é o caso de uma casa de banho”.

Uma greve “muito forte” que se tem traduzido em “desgaste mental” e “prejuízo financeiro”.