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Maria Nazário, de 21 anos, e André Monteiro, de 27 anos, são dois jovens marcoenses que têm o sonho de conhecer o mundo e não olham a meios para o fazer, mesmo que implique  deixar as origens e partir à aventura.

O casal, que procura no futuro viajar pelo mundo e conhecer novas culturas, tomou a decisão de emigrar para conseguir alcançar um leque maior de oportunidades, “tínhamos algumas perspectivas para o futuro, inclusive juntar dinheiro para que fosse possível realizar os nossos planos e surgiu a oportunidade de vir para França, para Grenoble, e vimos esta janela como uma oportunidade”, comentou o casal.

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Ainda assim o casal não desvaloriza as suas origens, “não é que no Marco isso não fosse possível, as oportunidades existem, e estão cada vez a surgir mais”. No entanto, não consideraram ser o suficiente para conquistar a estabilidade que ambicionam, “seja a nível de mercado de trabalho, estudos ou formações que nos permitissem ficar em Marco de Canaveses, ou perto, até porque aqui acabamos por ter mais rendimentos, em comparação com os nossos trabalhos”, acrescentou a jovem.

A escolha do jovem casal em ir para a cidade Grenoble, na França, foi facilitada pelo facto de André ter familiares a viver na cidade e já lá ter trabalhado quando mais jovem. “Quando vim cá a primeira vez, há cinco anos, viveu em casa da irmã, o facto de ter família aqui facilitou o regresso a Grenoble, embora não estivesse muito nos nossos planos virmos para aqui. Mas devido a este fator acompanhado de ter emprego garantido e já saber como funciona a cidade, facilitou a decisão”, comentou o jovem.

Já Maria Nazário sentiu maiores dificuldades e admitiu que não tinha emigrado para França sozinha. “Eu já tinha pensado em fazer isto, mas não o fazia sozinha”. Maria desabafou ainda sobre a dificuldade de enfrentar uma língua que não dominava e a dificuldade de socialização, “a língua foi o mais complicado. Quando não se domina a língua é difícil a interação com as outras pessoas, mesmo que troquemos contatos não conseguimos expressar corretamente o que queremos, o que leva a que seja difícil criar laços de amizade”.

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O casal revela que nunca lhes faltaram ao respeito, e que sempre tentaram comunicar e entender o máximo possível, “pelo menos onde estamos, as pessoas tentam sempre entender o que estamos a tentar comunicar e, apesar de tentarmos no início usar o inglês como forma de comunicação, língua essa que não é muito falada aqui, nunca nos discriminaram ou viraram as costas”.

O casal, que emigrou em julho de 2021, viu a sua vida mudar cinco meses depois de lá chegarem. Foi no final de dezembro que Maria descobriu estar grávida, embora não tenha sido uma surpresa tão grande para os jovens, “nós já tínhamos pensado nisso várias vezes, embora não tenha sido completamente planeado, nós não seguimos um plano médico nem fomos a consultas ou tratamentos para que isso se tornasse uma realidade, mas sim nós sabíamos e queríamos, que mais tarde ou mais cedo, a gravidez fosse acontecer”.

Acrescentou ainda que seria diferente se estivesse em Portugal, “o facto de estarmos cá fez a diferença para que isso acontecesse. Caso estivéssemos em Portugal não seria uma opção, porque ambos vivíamos em casa dos nossos pais e não tínhamos a nossa independência”.

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Quando questionada sobre como surgiu a vontade de criar uma família, Maria enalteceu ainda que “o que pesou mais foi o sentimento, a vontade de formar uma família. Não achamos que a idade pesa, mas sim que existe o momento em que sentimos que isso deva acontecer”. Neste momento Maria Nazário está com quase sete meses de gestação e prevê trazer ao mundo gémeos.

Radiantes com este novo passo, o casal com ideias de “juntar algum dinheiro, conseguir estabilidade, para a concretização de alguns projetos para o futuro, como viajar e ter um estilo de vida ligado a isso”, não esconde que esse objetivo passou para segundo plano “a nossa família vai crescer e então fomos obrigados a adaptar esses planos, sair daqui neste momento seria não só uma escolha para nós, mas também para outros dois seres que em breve estarão ao nosso encargo e responsabilidade”.

Ainda assim não descartam que, depois de deixarem os seus filhos crescerem, e depois de conseguirem uma maior estabilidade, querem alcançar o seu grande objetivo “depois de estarmos estáveis e dos nossos filhos crescerem, nós possamos fazer o que tanto queríamos, que era viajar e conhecer o mundo. Embora vá ser diferente, mas possível, porque tens sempre que ter alguma estabilidade econômica e pessoal. Se fossemos só os dois era diferente, agora com duas crianças já temos de fazer as coisas de forma mais pensada e organizada”.

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Os futuros pais assumem que querem envolver os seus filhos com o seu estilo de vida de sonho, mas apenas se proporcionar algo positivo para eles “o pensamento é organizar a nossa vida para que no futuro possamos adotar o estilo de vida que queremos com eles, de forma positiva para eles. O que não vai ser fácil, porque não iriamos ter um trabalho fixo”.

O casal deixa ainda uma mensagem para aqueles que pensam em emigrar e partir à aventura e conquista de uma vida melhor, “emigrar tem coisas muito positivas, que nos fazem crescer, que nos dão força para lutar pelo que queremos, que nos dão outra perspectiva sobre a vida, para além de nos termos tornado mais independentes, que era algo que procurávamos. Acaba por ser uma aventura, mas também tem de se estar preparado para sair da zona de conforto. A adaptação pode não ser um processo fácil, mas é a palavra chave. É passar, por vezes, um mau dia, mas pensar que é mais um comprido para o nosso objetivo. Não podemos deixar a negatividade invadir os nossos pensamentos”.

Texto redigido com o apoio de Francisco Pinto, aluno estagiário da Escola Superior de Educação de Viseu.