Os dez anos de carreira de José Santos contam com “muitas emoções” e narrações em “grandes jogos” que serão reconhecidos na 10.º Gala de Patinagem da Real Federação Espanhola de Patinagem, que vai decorrer no dia 31 de janeiro, na sede do Comité Olímpico Espanhol, em Madrid.
Entre os vários desportistas, árbitros, juízes, clubes, membros federativos e outras entidades ligadas ao mundo da patinagem, o paivense será distinguido com a Insignia de Prata, “em reconhecimento pelo continuo apoio e contribuição pela difusão da modalidade da patinagem”, lê orgulho a carta que lhe foi enviada.

O gosto por narrar jogos do hóquei em patins foi influenciado pelo filho “que começou a jogar em Castelo de Paiva. Eu comecei por fazer relatos do futebol e o hóquei veio mais tarde. É uma modalidade muito particular, porque é preciso perder muito tempo a aprender as regras. Como, há 15 anos, acompanhava o meu filho, via os treinos, juntou-se o útil ao agradável. Fui ganhado o gosto pela modalidade, que das que mais títulos deu a Portugal e não é tão valorizada como deveria”, destaca José Santos, que não esquece, também, a influência do pai. “No último mundial que fiz foi para a TSF e antes de começar lembro-me do meu pai e do meu filho e deram-me muita força”.
Mais tarde, foi convidado pela Bola TV para narrar jogos de hóquei “todos os fins de semana”, onde esteve quatro anos. Em 2015, foi convidado pelo Comité Europeu de Rink Hockey e narrou o primeiro campeonato de Europa. “Eram portugueses e já conheciam o meu trabalho. Já renovaram o contrato por mais dois anos e agradeço a confiança que depositaram em mim”.

A “paixão” mantém José Santos ‘preso’ aos relatos e para se conseguir ser um bom relatador “não basta isso. Tem de haver um estudo aprofundado das competições, dos jogos. Tem de haver uma preparação antes de cada jogo. É um trabalho que as pessoas não têm noção. Antes do jogo começar já muito trabalho foi feito”, frisa.
Durante a carreira, o paivense já narrou “muitos jogos” e entre eles dois mundiais seniores masculinos e femininos, um campeonato mundial de sub-23, na China, quatro europeus masculinos e femininos, cinco finais da Liga dos Campeões, seis Taças Continentais e, mais recentemente, a 17 de junho de 2024, a Taça Intercontinental, em Valongo.

A estes somam-se muitos outros “jogos emocionantes” que ainda hoje se lembra. “Tive a possibilidade de relatar vários duelos ibéricos, a nível europeu e enquanto português as maiores alegrias que tive foi ver os clubes portugueses a ganharem provas europeias. Para além disso, ouvir o hino nacional quando Portugal foi campeão do mundo em Sub-20, na China, foi um dos momentos mais marcante, fiquei arrepiado. Em dez anos foram muitas emoções“, garante.
O que nunca aconteceu foi narrar um jogo do filho porque diz “não o conseguir fazer. Tenho de ser o mais imparcial possível e, por muito que sejamos coerentes, é impossível distanciarmo-nos”.

Quanto à distinção que irá receber, José Santos garante “não é para todos. Tenho orgulho, porque sou português e sou um ‘tuga’ no meio de tantos campeões. Em dez edições só houve um português que foi galardoado, há muitos anos. Agora sou eu”, diz orgulhoso.
Feliz com o reconhecimento além fronteiras, o narrador de Castelo de Paiva não esquece o apoio da Federação Portuguesa de Patinagem, que o convidou para a gala dos 100 anos. “No livro dos 100 anos, escrito por Luís Gouveia, fazem referência ao meu nome, no meio de grandes mestres da comunicação, como Artur Agostinho”.

José Santos fica “sem palavras” em ver a paixão e o trabalho reconhecidos e por levar “Castelo de Paiva um bocadinho pelo mundo” e não tem dúvidas de que “poderia levar mais. Só tenho de o apoio da autarquia”.
Os agradecimentos estendem-se ao World Skate Europe – Rink Hockey, porque “sem eles, também, não era possível receber este prémio. No fundo houve muitas pessoas que contribuíram para o meu sucesso. Ninguém caminha sozinho. Se não tivermos alguém que nos ajude, por muito talento que possamos ter, não conseguimos nada”, reconhece.
O futuro, enquanto narrador, e “se a saúde permitir, será por mais dois anos”.