Este ano assinala-se o 49.º aniversário da Revolução de 25 de Abril, também conhecida como Revolução dos Cravos. Uma data que marcou o fim do Estado Novo no país, que ficará na história de Portugal e que para José Luís Carneiro, ministro da administração interna, "fez todo o sentido" e que "valeu a pena".
No âmbito das comemorações do 49.º aniversário, o ministro da administração interna participou, esta quarta-feira, dia 19 de abril, numa sessão dirigida a estudantes do 8.º e 9.º anos, da Escola EB 2,3 de Paço de Sousa, em Penafiel. Durante a sessão foi discutida a importância da revolução do 25 de abril para os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.

Quando questionado por uma das alunas presentes na sessão, sobre o que representou esta data, José Luís Carneiro afirmou que "foi a abertura de uma porta para uma vida com maior dignidade". Depois de apontar vários aspetos positivos do pós-revolução, como o acesso à saúde, o ministro descreveu o que "poderia ter evoluído melhor. A resposta é difícil e complexa, porque Portugal abriu-se à democratização de um conjunto de direitos numa altura em que os outros países europeus já os tinham adquirido há muito tempo. Mas deveríamos ter evoluído mais na cidadania, ou seja, na forma como nós vivemos não apenas os nossos direitos, mas também os nossos deveres. Ter direitos significa também ter deveres. Ter liberdade significa também ter responsabilidade. O uso equilibrado das liberdades e das responsabilidades é aquilo onde poderíamos ter evoluído melhor, em termos de cidadania", garantiu em resposta a uma outra questão colocada.
A conferência foi organizada pelo departamento de Ciências Sociais e Humanas, que todos os anos comemora o 25 de Abril. "Este ano comemoramos o 49.º aniversário e achamos importante trazer um orador que pode alertar os alunos para problemas tão prementes como o exercício do ato da cidadania. Sendo um membro do governo que lhes transmite estes ensinamentos tão importantes é muito mais ouvido por eles e vai ter um maior impacto", explica a coordenadora do departamento Cecília Martins.

Por sua vez, Irene Rocha, diretora da escola, sublinhou a importância de "lembrar todos os dias, mas lembrar abril em abril, e com este ministro em particular, foi essencial. Foi uma 'aula' que os alunos não vão esquecer, nós professores e funcionários também não".
Falar de cidadania é "importante", mas para Irene Rocha "exercer a cidadania é fundamental. E é isso que tentamos que os nossos alunos façam. Começa desde que se levantam até que se deitam. Queremos que os nossos alunos pratiquem, sejam cidadãos, não façam juízos de valor imediatos, não se deixem ir pelo que os outros dizem", disse ainda.

Para além dos alunos, outras entidades fizeram-se representar na conferência e entre elas a Câmara Municipal de Penafiel, na pessoa de Rodrigo dos Santos Lopes, vereador da educação, que felicitou a "excelente iniciativa. O ministro fez uma brilhante preleção sobre o que são os valores do pós 25 de abril, das causas que originaram esta data, e foi uma 'aula' magnífica para estes jovens que precisam de participar, conhecer, estar informados, de ser sensibilizados para as suas opções com responsabilidade, também para o exercício dos seus direitos, e pelo respeito dos direitos dos outros que é fundamental".
A importância da cidadania foi partilhada pelo vereador da educação que considera este valor "fundamental na educação dos jovens. Como vereador só posso ficar muito feliz e satisfeito pela nossas escolas terem estas iniciativas e terem esta preocupação em oferecer uma educação completa, fundamental nos domínios curriculares, mas também nesta dimensão fundamental, que é a cidadania", frisou.

No final da sessão, José Luís Carneiro mostrou-se satisfeito pela partilha de conhecimentos com os alunos. Em declarações aos jornalistas, garantiu que "é bom, sobretudo, partilhar com os mais jovens as nossas experiências e colher deles também as questões, inquietações que têm nesta idade. E eles têm também muito para nos ensinar e é preciso saber compreendê-los, percebem como olham para o mundo, para a vida e como olham para os valores de abril".
Para além do Partido Socialista, "que fundou aquilo que são os alicerces da nossa constituição democrática", o ministro da administração interna destacou Francisco Sá Carneiro e Freitas do Amaral, "duas personalidades iminentes que ajudaram a construir os valores democráticos. Mas há outros que lutaram na clandestinidade, como Álvaro Cunhal, uma referência na luta contra a ditadura".
Para José Luís Carneiro é "muito significativo poder em dias como hoje, com os mais jovens, podermos olhar para aquilo que foi o percurso que o país fez até hoje, explicar-lhes o modo como as forças de autoridade democrática procuram garantir todos os dias este equilíbrio entre o exercício de autoridade para garantia da ordem pública, legalidade democrática, dos valores constitucionais, e ao mesmo tempo como também estão limitadas na sua ação para que o uso da autoridade seja feito proporcionalmente e adequado aos termos constitucionais".

O ministro terminou destacando o Artigo 13.º da Constituição Portuguesa, "o que melhor consubstancia os valores essenciais de abril e apela à procura incessante da igual dignidade de todos os seres humanos, independentemente das suas origens sociais, raciais, origens e convicções ideológicas, religiosas, políticas. Um artigo que todos aqueles que estão comprometidos com a democracia devem procurar perseguir no quotidiano".
Hoje, os jovens têm acesso a diversas fontes de informação, como as redes sociais, que "democratizaram o acesso ao espaço público. Têm muitas vantagens, mas tem algumas desvantagens. Se não forem usadas com parcimónia, equilíbrio e bom senso. Foi possível dialogar com eles sobre a importância de termos um olhar crítico, uma análise ponderada da informação a que temos acesso para que ela nos seja útil para cumprir os valores de sempre e os que estão inscritos na constituição de 1976", finalizou.