Após uma estadia de meio século em França, José e Conceição Pinheiro regressaram, na casa dos 70 anos, a Portugal para desfrutarem da reforma e das raízes.
Naturais da freguesia de Alpendorada, Várzea e Torrão, José Pinheiro emigrou para ganhar uns “pataquitos” e acabou por construir família e fundar a sua própria empresa. “Já namorávamos, mas fui um ano solteiro, depois vim a Portugal, casei e já emigramos os dois”, começa por contar.
Como é habitual, o alpendorandense emigrou para trabalhar na construção civil, mas como tinha carta de condução acabou por ficar alocado às empilhadoras. Um ano depois, quando regressou com a esposa, trocou de empresa e acabou por se dedicar à construção civil.
Trabalhei num restaurante francês, gostava muito do que fazia
E como ‘nunca é tarde de mais para recomeçar’, 12 anos depois decidiu agarrar na sua “decisão” e lançou-se por conta própria. Por sua vez, a mulher, Conceição Pinheiro, começou por trabalhar nas limpezas e depois saltou para a área da restauração, onde esteve 25 anos. “Trabalhei num restaurante francês, gostava muito do que fazia”, realça.
Para além das melhores condições de vida, em França o casal teve a oportunidade de criar dois filhos, um casal. “O filho está em França e a filha emigrada na Suíça, apesar de terem nascido em França, acabaram por formar família com pessoas da nossa região, porque vínhamos cá todos os anos de férias”.
Em 2023, com a decisão tomada e as malas feitas, José e Conceição Pinheiro regressaram às origens e agora só pensam em voltar a terras francesas para “turistar” e visitar o filho que ficou encarregue pela empresa do pai. “Reformei-me dois anos mais tarde para poder dar todo o conhecimento da construção civil ao meu filho que acabou por tomar conta do negócio”, explica.
Hoje, José e Conceição Pinheiro estão “bem na vida” e são uns avós felizardos. “Temos quatro netos, uma menina da nossa filha e três do nosso rapaz. O mais velho vai fazer 23 anos e o mais novo tem 16. São a nossa alegria. Estamos orgulhosos da família que criamos”, afirmam numa só voz, acrescentando que “sempre foi um objetivo voltarmos. Tem sido um ano muito bom, estamos a aproveitar muito o nosso país”, do qual confessam terem “muitas saudades. Estamos a adaptar-nos muito bem à vida em Portugal outra vez, sempre disse ‘saí daqui, mas hei de voltar ao meu país‘”.
Estamos a adaptar-nos muito bem à vida em Portugal outra vez
Embora tenham passado a vida ativa em França, o casal surpreende e partilha que a emigração não deve ser a primeira opção. “Vão ganhar mais dinheiro, mas também vão abandonar o nosso país sem saberem se vai calhar bem, se vai calhar mal, hoje quase que digo para as pessoas não irem, porque o país está a melhorar um bocadinho, há sempre uma diferença e temos de dar esperança ao país de origem”, defende.
Em jeito de conclusão, terminam por deixar dois conselhos: “a quem construiu a sua vida lá, mas já está reformado que regresse às raízes. E à classe juvenil reconheço que têm de ganhar mais um bocadinho, mas se pudessem evitar emigrar era bom, porque se não Portugal também não cresce e o nosso trabalho começa a enfraquecer”.