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José Carlos Coelho esculpiu Papa Francisco em mármore e com quatro metros: "adoro o que faço"

Redação

José Carlos Coelho é natural de Ferreira, no concelho de Paços de Ferreira, e "desde sempre" que é "apaixonado" pela escultura. O seu trabalho ficou conhecido, a nível nacional e também a nível internacional, pela escultura que fez de João Paulo II, que levou o Papa Francisco a enviar-lhe uma carta. Nessa altura, também fez uma escultura do atual pontífice.

Em entrevista ao Jornal A VERDADE, falou um pouco da paixão e também da carreira que desenvolve há mais de 40 anos. Começou a trabalhar cedo "por uma questão financeira de família" e escolheu a profissão de entalhador. "Fazia talha para móveis, com o objetivo de ir ao encontro do que queria, que era fazer esculturas", revelou.

Recorda que, "em miúdo", viu um senhor "fazer uma escultura em madeira" e apaixonou-se pela arte. "Ver como transformou um bocado de madeira numa figura deixou-me fascinado. Eu era curioso, desenhava bastante bem e fiquei com essa ideia", refere. Foi aos 13 anos que fez a primeira escultura, "uma Nossa Senhora de Fátima em madeira" que ainda hoje continua guardada.

No início da carreira fazia umas "pequenas brincadeiras", mas vivia da talha. "A partir dos 20 anos, depois do serviço militar, comecei a apostar mais na escultura porque as talhas desapareceram dos móveis. Lia, estudava e aprendia para desenvolver a minha capacidade. Fazia esculturas em madeira, mas aos 30 anos, no meio dos pedreiros que estavam a fazer a minha casa, achei que trabalhar na pedra seria fácil, então comecei a investir também nesse material. Hoje em dia, faço esculturas de todos os tipos de materiais", explicou.

José Carlos Coelho garante que tem "várias obras e esculturas" que foram desafios. "Sou muito procurado para fazer esculturas de homenagem a pessoas e isso é um grande desafio, conseguir fazer o rosto da pessoa e transmitir a sua alma. Quando me procuram para fazer a escultura, por vezes, é em busca que essa pessoa ainda se mantenha junto deles e isso é complicado, se não conseguir passar a mensagem, se não conseguir fazer com que eles olhem para aquele rosto e não vejam o familiar é difícil. Por isso, todas as esculturas que faço deste género são os desafios de grande emoção e alguns nervos", admitiu.

Contudo, afirma que a imagem que levou o seu nome para o mundo foi a escultura de João Paulo II. "Chegaram fotografias dessa escultura ao Papa Francisco e ele mandou-me uma carta a agradecer a homenagem que fiz. Não é todos os dias que se recebe uma carta vinda de um papa", disse, orgulhoso. Depois disso, fez também uma imagem do Papa Francisco. "Ambas têm quatro metros de altura. A cabeça e as mãos da escultura do Papa Francisco são feitas em mármore rosa, que é o mármore nacional, que eu gosto muito de trabalhar, porque se aproxima com a cor da pele e transmite uma mensagem de maior leveza", disse.

Os detalhes estão também muito presentes no trabalho de José Carlos Coelho. "Vivemos numa época na qual a arte contemporânea domina e, por vezes, os artistas e escultores optam por fazer uma coisa mais simples e mais leve, talvez funcione mais a mensagem do que esses detalhes. Também tenho esses tipos de esculturas, mas estes detalhes normalmente procuro fazer quando faço a escultura ligada a pessoas, quando tem rostos, quando tem mãos. Eu adoro fazer mãos, adoro fazer pés. Adoro transmitir mensagens nas próprias mãos. É um desafio para qualquer escultor conseguir transformar uma coisa tão bruta, que é o caso da pedra, em pormenores que passem mensagens", apontou.

O escultor refere que "estar atualizado é importante". Contudo, tem as suas preferências e dedica-se a fazer o que gosta. "Nem estou para pensar no que irá fazer sucesso ou não, faço o que gosto, vivo feliz e depois seja o que Deus quiser. Os artistas têm uma tendência natural de ir em busca da fama, do dinheiro, do poder, não me parece que seja o meu caso, quero é paz e sossego e fazer o que gosto. Costumo dizer que não trabalho, divirto-me, tenho um hobbie em que passo o meu dia a dia com o desafio pessoal de conseguir fazer o que me vem à cabeça. Acho que era assim que todo o mundo devia ser", concluiu.