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Jorge Moreira trabalhava nos comboios a vapor e hoje guarda uma sala só com memórias

Redação

É numa sala de Jorge Moreira, de Meinedo, no concelho de Lousada, que estão várias memórias de outros tempos, quando os comboios ainda eram movidos a carvão. Começou a trabalhar com comboios em 1965 e tornou-se uma paixão durante cerca de três décadas que hoje recorda com "saudades".

Foto: DR

Trabalhou como servente das máquinas e fogueiro. Ajudava na preparação das máquinas dos comboios a vapor, movidas a carvão, a mantê-las acesas e abastecê-las de carvão. Era um trabalho "cansativo e maçador, com muita hora extra", mas "estável". "Cheguei a fazer comboios do Porto a Monção, ir e vir no mesmo dia, que era uma média de 17 toneladas de carvão, e de Porto – Barca d'Alva também cheguei a fazer esses comboios a carvão", lembra.

"Na altura, tinha 30 anos, gostava daquilo e era uma brincadeira. Fazer 17, 18 horas de serviço a carvão, mas chegava-se ao fim dessas horas e estávamos uns rapazes novos", continua.

Depois que as máquinas deixaram de se locomover a carvão e a vapor, na década de 70/80, Jorge Moreira começou a trabalhar com comboios a diesel e começou "a ser mais leve", sendo "proibido fazer muitas horas extra".

Foto: DR

"Hoje temos comboios modernizados. Vejo a evolução muito bem. Também tinha de evoluir. Tínhamos de acompanhar os tempos. O caminho de ferro evoluiu bastante. Por exemplo, aqui de Meinedo ao Porto para ir trabalhar às seis horas da manhã tinha de sair às seis horas da tarde do dia anterior. Hoje, as pessoas têm comboios aqui de meia em meia hora e em 40 minutos está no Porto", conta.

Foto: DR

Em 1993, Jorge Moreira reformou-se e, hoje em dia, tem na sua casa, perto da linha de comboio, uma sala de memórias desses anos, decorada com "fotos a toda a volta". Todos os anos também participa num jantar realizado com vários maquinistas para "relembrar tempos antigos".

"Andei muito tempo nesses comboios históricos, para Espanha, fazer comboios centenários, linhas centenárias, com máquinas a carvão e isso deixou-me muita saudade e ainda hoje tenho saudades desse trabalho, desse tempo", recorda, referindo que o seu genro também está ligado à ferrovia, como maquinista nos comboios interregionais e regionais.