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Jorge Moreira inspira-se na avó para escrever e "contar histórias"

Redação

Natural de Paredes, com uma vida passada em Lousada e o coração na Letónia, Jorge Moreira encontra na escrita uma forma de viajar até à infância e aos tempos passados com a avó materna, aquela que o "inspira" nos livros e que lhe ajudou a criar "boas recordações". Desde que se lembra, sabe que "sempre" gostou de escrever e guarda "histórias dessa altura. Não há ninguém na família que tenha optado por esse caminho, da literatura, mas em mim é algo inato".

Em 2022, o gosto materializou-se com a publicação do primeiro romance - "O homem que diminuía" -, seguindo-se, este ano, a publicação de dois contos, que lhe valeram a conquista de dois prémios literários. A 31 de outubro, em Paredes, o conto "Lonjura" foi distinguido com o 'Prémio Literário António Mendes Moreira' e a 16 de novembro, em Lisboa, o conto "Ora bom dia" valeu-lhe o Prémio Literário Luís Vilaça.

É precisamente em "Lonjura" que Jorge Moreira se inspira na avó, natural de Lousada, e nos tempos mais antigos. Confessa que teve "muita sorte" com a família e "qualquer um" podia ser uma inspiração, "são todos engraçados e têm todos bom coração", garante. Mas, como nos conta, "há um traço comum entre os dois contos que venceram o prémio. As personagens principais são todas pessoas mais velhas", entre elas, a avó. "Acho que acaba por ser consequência de ter sido criado por ela. Daí, a figura de uma pessoa mais idosa estar sempre na minha vida".

Aos 31 anos, recorda a infância que deixa "boas recordações" e à qual volta "através dos livros. Passava a maior parte do tempo com ela, muitas vezes só eu e ela, e a minha irmã quando não tinha aulas". A avó, que conta já com 91 anos, "não lê os livros", mas vai ouvindo as histórias pelos neto. "Conto-lhe mais ou menos as coisas e, muitas vezes, pergunto-lhe coisas de antigamente e vou apontando para depois me lembrar de escrever. Na verdade, ela faz parte da escrita e fica feliz por saber que é uma inspiração".

"Acima de tudo gosto de escrever e criar histórias"

Licenciado em ciências da comunicação, Jorge Moreira dedica-se, atualmente, à escrita de anúncios de publicidade. Uma profissão que 'obriga' a um lado "criativo mais apurado, mas há também um lado pragmático, ou seja, entender o que faz uma pessoa prestar atenção a uma peça de um carro e direcionar a comunicação para aí", explica.

Desde a entrada no curso que sabia que "este seria o caminho", até porque "não queria seguir jornalismo, relações públicas, nem os números do marketing" e não se "arrepende" da escolha, apesar de ser um trabalho "muito exaustivo a nível mental. Lidamos muito com a folha branca e com a opinião das outras pessoas, mas estou bem.

Entre as horas de trabalho, confessa que ainda há "tempo" para se dedicar à escrita. "Às vezes fico tão cansado do trabalho que é complicado escrever, mas eu faço o inverso. Antes de começar a trabalhar escrevo algo para mim, coisas que gosto e depois vou trabalhar". Depois ver todo esse trabalho reconhecido "é bom. Gosto de ver o meu trabalho reconhecido e gosto, sobretudo, de escrever. O que me dá mais prazer é saber que se ganho um prémio é porque gostaram de ler o que escrevi. Isso é o mais bonito, fazer uma coisa e outra pessoa desfrutar do que tu fizeste".

A viver entre Portugal e a Letónia - país de origem da mulher - fala-nos ainda da emigração e das possibilidades que Portugal oferece aos mais jovens. "Em termos de condições de vida e financeiras não escolhia aquele país, estou lá por causa da minha mulher. Em relação à emigração, vai haver sempre a luta entre querer estar junto das pessoas que queremos ou de ter a vida que merecemos".

Relativamente aos sonhos, diz que vão "acontecendo. Sou mesmo uma pessoa de ir vendo e de ir fazendo o que posso. Acima de tudo, gosto de escrever, criar histórias, a consequência que vier daí, se for boa ótimo, se não vier nada pelo menos estou a gostar do que estou a fazer. Esses minutos que passo a escrever passo bem disposto".