Atualmente conhecido pelos portugueses pela participação como assistente no programa da TVI o "VAI OU RACHA", Joel Ricardo Santos fez o primeiro espetáculo de comédia a solo em fevereiro de 2011. Músico desde os seis anos, já dividiu o palco com alguns dos maiores nomes da comédia nacional, percorreu todos os distritos do país e ilhas, e conta com vários espetáculos nas comunidades portuguesas no estrangeiro, nomeadamente Suíça, França e Luxemburgo.
Em 2018 e 2019, Joel Ricardo Santos estreou a primeira digressão "Estava lá e vi!", com 27 datas em 24 cidades em todo o país. Também em 2019 teve estreia no programa "Levanta-te e Ri" da SIC. No início da pandemia produziu conteúdos online: Coronaflix, Dia Mau, Plot Twist, Joel No Comando, Papai Joel.

Os espetáculos continuaram, em outubro e novembro de 2021. Rúben Branco, João Dantas e o humorista apresentaram o espetáculo "Temos de Marcar Um Café". Em janeiro de 2023, Joel Ricardo Santos estreou-se na TVI, no programa "VAI OU RACHA" apresentado por Pedro Teixeira.
Neste Dia Internacional da Piada, que se celebra, anualmente, a 1 de julho, convidamos o humorista a fazer um balanço da carreira de 12 anos e a falar sobre os desafios atuais da profissão.

Entrevista ao humorista Joel Ricardo Santos
Atualmente, é mais difícil fazer humor?
Sim, está mais difícil, porque os comediantes têm de se policiar muito mais. Antigamente, lembrávamo-nos de uma piada, dizíamos e estava feito. Agora não, depende onde estamos a dizer a piada e se alguém está a filmar. À partida quem vai já sabe que pode ser 'ofendido' e achas que está tudo bem, que a piada nunca vai sair dali, mas de repente há alguém que filma e coloca na internet. E o problema não é só o falar de doenças e outros assuntos sensíveis, é tudo, porque qualquer piada tem um alvo.
E achas que, por isso, é muito mais difícil ter piada?
Não sei se é mais difícil, porque as pessoas acham piada às mesmas coisas. Continua a haver muito público a gostar de humor, mas há também, neste momento, um grupo de pessoas que, muitas vezes uns querem mesmo lutar por uma causa, outros só querem só dar nas vistas. O humorista é sempre o maior alvo.

Hoje temos acesso a muita informação, existem muitos humoristas. É difícil ter destaque e piadas diferentes?
Há 10 anos, quando comecei, havia Facebook e se queríamos vídeos tínhamos o Youtube. Hoje, temos vídeos no Facebook, no Instagram, no Tiktok, a internet ajuda, cada vez mais, os humoristas. Muito facilmente alguém filma cinco minutos de atuação, publica numa rede social, alcança bons números e de repente tem a sorte daquele vídeo 'disparar'. Estamos a falar de uma pessoa que faz comedia há 'dois dias', mas já teve um vídeo com um milhão de visualizações e que vai ser mais rapidamente chamado do que alguém que faz isto há seis anos e que não teve a mesma sorte. Se calhar até tem vídeos melhores mas que não 'bateram'. A internet não é justa e, nesse aspeto, é mais difícil.
Apesar das várias vantagens, a internet faz com que seja mais fácil serem alvo de chacota ou virar piada da própria piada? É um risco que também correm?
Claro que sim, porque nos expomos ao ridículo, mas faz parte do mecanismo. Há várias técnicas para fazer rir, como o absurdo, por isso é que, muitas vezes, acham que somos machistas ou homofóbicos. Mas temos de 'ser' para a piada resultar. O absurdo é uma ferramenta da comédia, assim como o ridículo. Podemos expor-nos ao ridículo e tentar fazer rir com isso, mas se nos expomos a isso estamos sujeitos a ser alvos de chacota. Temos de estar seguros daquilo que fazemos, todos os comediantes já passaram por isso. Enquanto houver mais pessoas a rir do que pessoas que acham parvo estamos a fazer um bom trabalho.
Já és humorista há mais de 10 anos, mas ficaste mais conhecido pelo público através do programa da TVI. Como está a ser a experiência?
Está a ser muito boa, não estava à espera que aparecesse est convite. Nós vamos fazendo 'barulho', vamos estando presentes, fazendo vídeos, espetáculos, dando entrevistas e nunca sabemos para quem estamos a falar. E, se calhar, há alguém que te está a ouvir e que diz: este humorista era fixe para um determinado projeto. Acho que foi por aí. Mas também se não fizermos nada, se não trabalharmos, aí é que nunca vão aparecer as oportunidades.
No programa expões o teu trabalho de uma forma diferente?
Eu sou o alívio cómico do programa. Fui contratado na qualidade de comediante e, no início, tentava fazer piadas e preparava-as, mas rapidamente desisti. Chegam os convidados e, de repente, já não tens contexto para o que estava preparado. Observo todos os detalhes, tenho um minuto para preparar alguma coisa e depois entro. Tenho de estar bem disposto e improvisar bem.

Então não te arrependes da profissão que escolheste?
Nada, cada vez menos. É a melhor profissão do mundo. Há pessoas que gostam de ter a vida controlada e uma rotina, aqui não há. Posso estar em Lisboa, mas de repente estou noutro sítio. Mas eu gosto da vida que escolhi, adoro isto. E, depois, há uma falsa ideia de que isto é muito geográfico, ou seja, que o público do norte, regra geral, se ri mais, é mais aberta, mais simpática e que não é tão fixe fazer humor no sul, onde as pessoas são mais fechadas. Quando começas a perceber que não, que realmente fazes rir toda a gente é muito porreiro. A sensação de fazer rir é muito boa e de fazer rir toda a gente é muito satisfatória.
Mensagem no Dia Internacional da Piada.
A grande mensagem neste dia é: não se levem tão a sério. É aí que começamos a agarrar-nos a preconceitos, a querer bloquear. Se as pessoas não se levarem tão a sério, divertem-se muito mais. Estamos cá todos de passagem e se percebermos isso, que não vale a pena chatearmo-nos, vamos ser muito mais felizes.
