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Joaquim Domingos viveu um cancro da próstata: "Percebi que a doença afeta muito a masculinidade"

Redação

Joaquim Domingos viveu na primeira pessoa um cancro da próstata e acabou por analisar o impacto que a doença tem na vida dos homens. Quando se juntou à Associação Portuguesa Doentes da Próstata teve como grandes missões desmistificar os problemas da próstata e e envolver o público feminino na doença dos companheiros, filhos e pais.

Perto dos 70 anos foi diagnosticado com um cancro de próstata numa fase "inicial" e partilha que, segundo os médicos, foi "um processo natural. Não se conhecem causas a não ser uma questão genética". No seu caso, a maior dificuldade que trouxe à vida foi "alguma complicação urinária, mas nada de significativo".

Chegar até este resultado teve na base as consultas de rotina com a Médica de Família. "A minha médica começou a acompanhar-me tinha 50 anos e quando comecei a chegar perto dos 60, aconselhou-me a fazer exames anuais relacionados com a próstata, não só ao cancro mas, a doenças no geral".

Anos mais tarde, começou a ser seguido também por um urologista que identificou um valor acentuado do PSA (Antígeno Prostático Específico). "É uma análise ao sangue, na altura dos 40 anos o valor deve andar abaixo de um, com a idade vai aumentando mas forma lenta. Caso a subida seja radical é porque algo não está bem e foi o que aconteceu comigo". Inicialmente, foi detetado um problema na próstata designado HBP (Hiperplasia benigna da próstata), mais tarde, e com base numa biopsia, chegou o diagnóstico de cancro na próstata. "De um ano para o outro o PSA cresceu dos 2,5 até perto dos seis".

Perto da casa dos 70 anos, Joaquim Domingos e a sua esposa já tinham três filhos e, por isso, a questão da fertilidade não afetou o casal. "Já não tínhamos perspetivas de ter mais filhos com aquela idade como é evidente". No entanto, é um "receio transversal a homens com cancro da próstata em idade mais jovem". Fruto de ter vivido o cancro da próstata na própria pele, Joaquim Domingos juntou-se à Associação Portuguesa Doentes da Próstata.

Para além da própria doença na próstata, este diagnóstico "afeta a masculinidade", levando os homens "a não partilhar com amigos, familiares, muitos menos com os filhos e a própria esposa devido aos mitos e vulnerabilidade que sentem". Assim, um dos objetivos principais da Associação Portuguesa Doentes da Próstata é "envolver as companheiras na vida do homem porque cria muitas inseguranças".

Joaquim Domingos partilha que é comum receberam chamadas telefónicas em que "falam senhoras e nós percebemos que por trás delas está o homem. Ouve-se os homens a perguntar aquilo que querem saber".

Em casa de Joaquim Domingos foi desde o primeiro dia praticada a transparência. "Falamos da questão sem qualquer problema, ela acompanhou-me nas várias idas ao médico, aliás quando me deram a notícia ela estava comigo e ouviu da boca do médico o diagnóstico de cancro na próstata, é claro que isso abalou-nos bastante mas, ela sempre me acompanhou". Daí que na associação uma das "grandes preocupações" tem sido lidar com o problema em casal porque "somos mais fortes se estivermos em casal e formos um apoio para o outro", defende.

No que aos tratamentos diz respeito, Joaquim Domingos partilha que no seu caso foi aconselhado a tomar medicação e a realizar um tratamento de braquiterapia. Este método, conhecido também como "radioterapia interna", é "uma forma de radioterapia em que se coloca uma fonte de radiação dentro de, ou junto à área que necessita de tratamento". Caso o cancro seja "mais grave" a solução pode passar pela "radioterapia. É feita exteriormente e tem alguns inconvenientes, como todos os tratamentos mas, o maior neste caso é poder afetar outros órgãos na zona da próstata como, por exemplo, os testículos, bexiga, pode até chegar aos rins...". Existe ainda um tratamento que "é feito interiormente que consiste na congelação da próstata para que o problema diminua ou despareça". Joaquim Domingos reitera que "qualquer cancro que implique um tratamento mais invasivo pode ser muito grave caso o doente tenho o cancro da próstata noutros órgãos do corpo, porque poderá afetar a parte óssea".

No entanto, a evolução da medicina "já permitiu encontrar soluções menos intrusivos. Antes era comum realizar a retirada total da próstata o que poderia levar à incapacidade de gerar filhos e tornar-se impotente". Uma informação que embora seja factual leva à criação de mitos. "Os homens têm muita dificuldade em admitir que têm um problema na próstata porque acham que se têm problema na próstata é porque são impotentes, mas na verdade é um mito, está cientificamente provado que pode ser mas que não é geral".

Uma vez por ano, Joaquim Domingos, aos 84 anos, continua a fazer uma consulta de rotina.

Este ano a Associação Portuguesa Doentes da Próstata celebra 20 anos e tem como principal missão "sensibilizar os homens para a necessidade de um exame periódico da próstata a partir dos 45/50 anos. A prevenção precoce é muito importante na detecção e tratamento com sucesso do cancro na próstata. Não deixe para mais tarde! Por favor!".

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