isaura pedro
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Isaura Pereira, natural de Marco de Canaveses, acolheu um menino com dois anos de idade vindo de África que se tornou um “filho do coração”.

Pedro Oliveira nasceu na cidade de Cabinda, em Angola, e é filho do ex-marido de Isaura. Quando chegou a Portugal chamava-se apenas Oliveira, mas Isaura “não queria chamá-lo assim”, por isso, surgiu Pedro. Hoje, o jovem já tem 21 anos, mas só conseguiu oficializar o nome que a mãe lhe deu depois de se tornar maior de idade.

O pai de Pedro acabou por falecer e Isaura assumiu a responsabilidade. Considera que o “salvou, porque vinha de um meio muito pobre. Nunca o abandonei”.

A mulher de Bem Viver já tinha dois filhos crescidos que, na altura, a incentivaram a “acolher o irmão”, confessa que ao início tinha “receio em tomar conta do menino”, mas acabou por receber o Pedro na sua vida quando tinha 39 anos.

Quando o pequeno “Oliveira” chegou aos braços da Isaura estava “mal tratado e tinha feridas”, diz que era uma criança que “não tinha vacinas, não sabia comer, tinha passado muita fome, só bebia biberões de leite e comia bananas”.

Recorda, risonha, que no supermercado bastava “dar bananas ao Pedro e podia ficar o dia todo a fazer compras sossegada”. Este desejo surgia porque, em África, “ele andava muito na rua e havia um senhor que dava bananas aos meninos”, conta.

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Entre várias histórias, recorda a do dia em que, finalmente, Pedro comeu um iogurte. “Nunca tinha comido, quando chegou cá eu queria dar-lhe, mas como eram brancos, davam-lhe vómitos, porque em Angola comia uma papa branca. Enquanto estava distraído, eu meti o dedo no iogurte e passei-lhe nos lábios, sem ele dar fé e ele percebeu que era bom. Foi assim que ele começou a comer iogurtes”.

Outro momento que partilha, em conversa com o Jornal A VERDADE, era de que o filho não distinguia as bolas de ferro na rua de bolas normais e acabava por dar pontapés nelas. Isaura estava consciente de que “precisava de incutir diversos hábitos” e que o “caminho seria muito difícil”.

Atualmente, descreve o Pedro como “um menino com bom coração, mas ingénuo, muitas vezes, sem distinguir o bem do mal”. A infância e adolescência foram momentos “complicados” tanto para o jovem como para a mãe. Isaura partilha que o filho “sofreu de muito bullying, sobretudo, na escola. Para ser aceite fazia o que as outras crianças mandavam e eram só asneiras”. Isaura viu-se obrigada a ir à escola duas a três vezes por semana para “proteger” o filho.

O mesmo acontecia no futebol, “teve de passar por vários clubes até se sentir integrado numa equipa”, acrescenta.

A mãe considera que “a sorte deste miúdo foi estar sempre muita atenta, se fosse uma pessoa que não ligasse não tinha dado certo, tinha-o destruído, eu estava sempre a apoiá-lo”.

A própria Isaura recebeu “muitos comentários e críticas ao longo dos anos”, mas diz que “não liga muito a isso, no fim de tudo, é a minha vida, ninguém tem nada a ver”.

Até hoje o Pedro não demonstra interesse nas suas origens e diz que “se sente totalmente português”.