De 7 a 13 de novembro, assinala-se a Semana Europeia da Fertilidade. Neste âmbito, Sérgio Soares, especialista em Medicina da Reprodução, afirma que a infertilidade atinge cerca de 300 mil casais em Portugal.
A tendência é de "crescimento desses números, que atingem mulheres e homens em percentagens muito semelhantes". O stress, o sedentarismo e a procura de uma gravidez numa idade mais avançada da mulher são alguns dos fatores que podem ajudar a explicar esta tendência, segundo refere um comunicado do IVI, uma instituição médica especializada integralmente em Reprodução Humana.
"Nem sempre a Medicina encontra uma explicação para a infertilidade. O que sabemos, pela investigação feita nesta área, é que há fatores que prejudicam a fertilidade em ambos os sexos, como o consumo de álcool e tabaco, o excesso de peso e obesidade, a ausência de atividade física, a alimentação pouco variada e equilibrada, muito ancorada no fast-food, por exemplo", salienta Sérgio Soares.
O especialista e diretor do IVI Lisboa acrescenta ainda outro fator fundamental: a idade da mulher. "Por razões económicas ou profissionais, as mulheres tentam ser mães cada vez mais tarde o que traz consequências para quem anseia por uma gravidez. A quantidade e a qualidade dos ovócitos diminuem muito a partir dos 35 anos", explica.
A infertilidade estará "relacionada com causas femininas em 30% dos casos, outros 30% com causas masculinas, 20% com causas mistas e outros 20% inexplicados". "Alguns conselhos de alteração de estilos em vida, associados à Ciência – que tem permitido intervir com sucesso mesmo nos casos em que há patologia – têm ajudado muitos casais a ultrapassar problemas de infertilidade, mas convém sublinhar que o casal tem aqui um papel importante na gestão da saúde reprodutiva", afirma.
O médico salienta, por exemplo, que a infertilidade masculina "já representa metade dos casos atendidos atualmente nas clínicas de procriação medicamente assistida": "Alguns estudos mostram-nos, por exemplo, que há uma relação entre as substâncias químicas presentes em pesticidas, os solventes e recipientes de plástico que utilizamos diariamente e a redução da qualidade do sémen".
Sérgio Soares explica que "a infertilidade pode ser definida como a incapacidade de os casais engravidarem após 12 meses de tentativas de conceção sem recurso a qualquer meio anticoncecional". Apesar de afetar homens e mulheres, como a fertilidade nas mulheres baixa com a idade, a partir dos 35 anos, consideram-se antes os seis meses. Uma consulta de fertilidade pode ser recomendada após um ano de tentativas para conceber, no caso das mulheres com menos de 35 anos; para as mulheres com idade superior a 35 anos, este período baixa para os seis meses.
Em Portugal, as mulheres podem aceder aos tratamentos de Procriação Medicamente Assistida (PMA) até aos 50 anos, não sendo permitido fazê-lo após os 49 anos e 365 dias (366 dias, no caso dos anos bissextos), seja no SNS ou em clínicas privadas. O limite fixado teve em conta "o facto de, a partir dos 35 anos, a probabilidade de se engravidar de forma natural diminuir, caindo a pique a partir dos 40 anos, passando para 1% ou menos quando a mulher atinge os 48 anos".