hernani diogo
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Tem 62 anos e tinha tudo preparado para “passar o resto da vida” com a esposa e “dar uns passeios”, mas o diagnóstico de Leucemia Mioplástica Aguda, há cerca de um ano e meio, deixou-lhe a vida “hipotecada”.

Hernâni Diogo, natural e residente em Felgueiras, sempre foi “um homem saudável, apenas era hipertenso, mas era algo controlado“. Por isso, receber o diagnóstico da doença foi “um choque terrível”. Tem sido “uma vida complicada, uma luta … foi tudo muito rápido”, garante o felgueirense que recorda o início de todo o processo.

Não sentia “nada de especial”, mas conta que começaram a “aparecer umas nódoas negras no corpo” e ficou “preocupado, porque eram grandes, pretas e passavam para amarelado até desaparecer”. Dirigiu-se ao médico e esperava “qualquer coisa menos isto”. Fez análises ao sangue e os resultados ditaram o encaminhamento para um especialista no Hospital Padre Américo, em Penafiel, onde durante cerca de meio ano fez, periodicamente, transfusões de sangue.

Mas, entretanto, a médica que o assistia disse-lhe que seria transferido para o IPO do Porto e aí Hernâni Diogo percebeu que “se tratava de algo mais grave”. E o diagnóstico confirmou. Receber a notícia foi “um choque terrível, fui embora alagado em lágrimas. Pensamos em tudo naquele momento. Sou muito otimista, tenho fé em Deus, mas são momentos desesperantes. Chegamos a pensar ‘porquê eu, o que é que eu fiz'”.

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Neste curto processo e “difícil”, o felgueirense conta com o apoio da esposa e dos três filhos, assim como dos netos, que são “uma força e alento”.

No entanto, e apesar do otimismo reconhece que está “numa luta contra o tempo”, uma vez que “só fazem transplante até aos 65 anos. Este ano já faço 63 e o tempo passa muito rápido”.

Para além dos tratamentos de quimioterapia, “que são sete dias consecutivos”, Hernâni Diogo dirige-se uma vez por semana ao IPO para fazer o controlo da doença e pede, a todas as pessoas, que “estejam atentas”, porque a doença dá sinais que, “por vezes, não ligamos e que são importantes“.

Alerta, ainda, para a “falta de informação” sobre a dádiva de medula óssea. “Falam na recolha de sangue, mas ninguém fala na recolha da medula. Vejo nas campanhas um desconhecimento sobre isso e nas carrinhas, que andam porta a porta, levam unicamente 25 possibilidades de fazer teste, o que é muito pouco. Para além disso, não perguntam às pessoas se querem fazer a dádiva, são as pessoas que têm de dizer que o querem fazer. As pessoas têm medo e ninguém incentiva, mas é algo simples de fazer hoje em dia”, frisa.

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Bombeiros Voluntários de Felgueiras apelam a dadores de medula óssea

Há cerca de dez anos que Hernâni Diogo ocupa o cargo secretário adjunto dos Bombeiros Voluntários de Felgueiras e assume-me um homem “muito ativo” e que sempre esteve ligado ao associativismo. Diz que “é bom manter a rotina”, principalmente nos bombeiros, “que têm sido um apoio, são uma família”.

Com um diagnóstico irreversível, o secretário explica que a única solução passará pelo transplante, encontrando-se a procurar um dador compatível.

Os apelos já são vários, nomeadamente da corporação, que se encontra a dialogar com o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), para realizar, em setembro, uma campanha de recolha de sangue e de amostras, no quartel.

Este fim-de-semana, o Pavilhão de Moutelas, em Margaride, acolhe mais uma dádiva de sangue e, simultaneamente, de dadores de medula óssea. A iniciativa vai decorrer entre as 09h00 e as 12h30.

Para ser dador é necessário ter entre 18 e 45 anos de idade, ser saudável, ter peso mínimo de 50 quilogramas e nunca ter recebido transfusões de sangue desde 1980.