No dia 15 de fevereiro, Hermengarda Portela tornou-se a pessoa mais velha da vila de Sobrosa, do concelho de Paredes, ao assinalar o 100.º aniversário.
A festa da centenária foi celebrada com um bolo e uns petiscos na Estrutura Residencial Para Pessoas Idosas (ERPI) da Obra de Assistência Social da Freguesia de Sobrosa, junto de outros utentes e funcionários, e dos sobrinhos 'Zezinha' e Miguel.

Hermengarda Leal Coelho da Silva Portela nasceu em Sobrosa, no lugar de Trás das Eiras, a 15 de novembro de 1924. Viveu a maior parte da vida na Casa da Portela, sendo hoje utente da Obra de Assistência Social da freguesia de Sobrosa, instituição onde foi voluntária "desde sempre".
Agora, "reformada" - como diz a brincar - a paredense passa os dias na instituição, onde está "desde a altura da COVID-19. Estive um mês no hospital e, depois do internamento, o médico deu-me alta e vim para cá. Gosto muito de estar aqui, pelo menos é melhor do que estar em casa".

É uma mulher "bem disposta" e, apesar do avançar da idade, "ainda consegue fazer as refeições sozinha e participa nas atividades. Apenas tem aqui a dificuldade da locomoção e fá-la numa cadeira de rodas. Porque o resto, faz tudo normal", diz Joana, uma das funcionárias.
Ao pequeno-almoço, "por norma", come "um pãozinho com leite e café", mas, depois, "o que não pode falhar é sempre o cafezinho, com o açúcar mascavado".

Será esse o segredo? "Não sei. Pode ter sido por me ter portado sempre bem. Não fazia mal a ninguém, ajudava a todos", diz Hermengarda Portela.
Não teve filhos e manteve-se sempre solteira, acha que "não era essa a vocação", diz-nos a centenária que almejava seguir o mundo da enfermagem. "Achavam que ela era fraquinha e que não podia ser enfermeira", conta Joana. A paredense intervém na conversa e diz em tom de brincadeira. "A verdade é que as enfermeiras já morreram e eu ainda estou aqui e bem".

Hermengarda Portela recorda uma infância "feliz", especialmente na época do Natal, "quando estreava sempre um vestido novo e ia beijar o menino. Nunca mais me esqueço disso, era uma alegria", recorda a paredense que durante a vida trabalhou "na Misericórdia. Comprava tudo para todos os serviços. requisitava aos laboratórios tudo o que era preciso para o hospital. Eram muitas coisas", explica.
Trabalhar com estes utentes é "muito gratificante, porque são pessoas com uma história de vida muito longa e acabam sempre por nos dar grandes ensinamentos. Fora daqui, nós aprendemos um bocadinho da teoria e os idosos mostram-nos a prática. Tudo o que eles nos transmitem é muito a prática das situações de vida e vão partilhando algumas histórias que vão lembrando quando eram mais novos. Contam-nos muito da infância deles, da juventude".


A trabalhar na instituição desde maio deste ano, Joana caracteriza a D. Hermengarda Portela como uma pessoa "bem-humorada", mas que "também tem dias complicados. Tem o seu feitiozinho". "Como todos. Cada um tem o seu", diz prontamente a centenária.
Foram várias as felicitações que a paredense recebeu no dia de aniversário, desde a Câmara Municipal de Paredes, representada pela vereadora da Ação Social, Cultura e Turismo, Beatriz Meireles, à Obra de Assistência Social da Freguesia de Sobrosa que parabenizou a utente: "Um século de existência. Hermengarda Portela completou 100 anos no dia de hoje. É a cidadã, como a própria gosta de frisar, menos jovem da freguesia de Sobrosa. Os 100 anos da utente, foram comemorados a rigor. Um dia de festa e uma vida repleta de histórias e boas memórias", pode ler-se na publicação.