logo-a-verdade.svg
Notícias
Leitura: 0 min

Helena Silvestre criou as Serranitas da Gralheira em homenagem à avó e a todas as pastoras

Redação

Embora tenha nascido em Lisboa, Helena Silvestre tem um vínculo com o concelho de Cinfães, sobretudo, com a Gralheira, uma pequena aldeia na Serra do Montemuro, devido à sua avó paterna. 

Para muitos, a cidade é sinónimo de oportunidades, experiências e o sítio ideal para viver mas, não é o caso de Helena Silvestre que olha para a Gralheira como o "projeto de vida". Há 13 anos que a lisboeta mudou-se para o Norte do país, onde construiu uma casa e, mais tarde, reuniu a família. "Mudei-me sozinha porque o meu marido estava em Madrid, Espanha, e a minha filha foi para a universidade, mas como consegui transferência para Cinfães, decidi vir para cá. Construí a casa e estou muito bem".

Helena Silvestre meteu mãos à obra, recolheu ensinamentos do tio, e começou por encontrar formas de angariar dinheiro e restaurar o guarda-roupa do rancho folclórico que estava "parado". Foi assim que também surgiram as "Serranitas da Gralheira", um projeto que vem "homenagear as avós, as pastoras da Serra de Montemuro. Elas viviam em condições muito difíceis, o clima era muito agreste, viviam isolados e só tinham mesmo aquilo que estava disponível na natureza. Eram pessoas extremamente pobres que cuidavam da família e que viviam graças ao trabalho. Só assim conseguiam sobreviver na serra", conta Helena Silvestre, a impulsionadora do projeto que, a cada peça que faz, perpetua a memória destas mulheres.

O projeto iniciou com cinco mulheres, entretanto, devido à pandemia, acabaram por ficar três. "No início eramos cinco pessoas, não a tempo inteiro porque todas nós tínhamos profissão mas, à noite, nos nossos serões, ficavamos a trabalhar juntas", uma prática que continua até hoje em 'pé'. Helena Silvestre é assistente operacional e, por isso, tem "sempre o tempo contado. Trabalho nas escolas e estou a cuidar de uma criança com paralisia cerebral. No tempo que sobra dedico-me a estas peças que levam muito tempo", mas das quais não abdica.

O burel é o 'rei' da casa. Quem entra na Casa das Serranitas encontra peças de arte "únicas e artesanais" produzidas em burel, um tecido "impermeável, térmico e resistente", ao qual se junta o "milho, bolotas do carvalho, bugalhos do carvalho, os pauzinhos da giesta e os pauzinhos da urze que são queimados e ficam com uma cor branca". O intuito é colher os materiais da natureza característicos da Serra do Montemuro e "recriar um cenário semelhante aos dos antepassados". 

Embora seja trabalhoso e fiquem muitas horas "por contar", Helena Silvestre continua a afirmar que "é com muito gosto que faço estas peças", afinal mudar-se de Lisboa para a Gralheira era o seu "projeto de vida. Costumo dizer que isto não é uma fábrica, que é uma unidade produtiva artesanal, é tudo feito à mão, nós não fazemos produtos em série... Tudo isto torna cada peça ainda mais especial". Aliás, quando recebe uma encomenda, procura "conciliar a cultura da Serra de Montemuro ao gosto do cliente e criar uma peça única". 

A época natalícia é "especial" para estas 'cinfanenses' já que a Aldeia do Pai Natal "vem dinamizar muito a aldeia, traz muita gente de fora e este ano está a ser um ano excecional", partilha com um sorriso no rosto.

As Serranitas ficam instaladas na Gralheira, na casa do alfaiate da aldeia, e recebem os visitantes com uma exposição de peças de artesanato e um museu. Pode visitar as Serranitas durante todo o ano, para isso basta aceder ao Facebook "Serranitas da Gralheira - Cinfães" e descobrir qual será o melhor dia para se deslocar à aldeia.

Mais fotografias da Aldeia da Gralheira no Facebook do Jornal A VERDADE

https://averdade.com/cinfaes-magia-do-natal-vive-se-na-aldeia-da-gralheira-com-20-espacos-tematicos/