Esta segunda-feira, dia 10 de junho, assinala-se o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, data celebrada um pouco por todo o mundo. Luís Sousa Cunha é um português na Geórgia e conta como se celebra este dia do outro lado da Europa.
Anualmente, portugueses dentro e fora do país celebram o Dia de Portugal no dia da morte de Luís de Camões, a 10 de junho de 1580. Mas, ao contrário de Camões, Luís Sousa Cunha celebra o aniversário com uma particularidade: este Luís é um penafidelense a viver na Geórgia.
Um aniversário pode ser celebrado em qualquer lugar, mas o mesmo não se pode dizer do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. O nortenho, de 42 anos, contou ao Jornal A VERDADE como se vive este dia na Geórgia, um país localizado na fronteira entre a Europa e a Ásia, onde não existe representação diplomática de Portugal. “Não se faz grande celebração”, conta Luís, “não existe embaixada” e a representação diplomática “não representa nada” uma vez que é sempre realizada por “um (representante) georgiano que nem sequer fala português. Portanto, é só uma formalidade. (…) Acho que a maior festa é mesmo o meu aniversário! Eu levo sempre a bandeira e, de vez em quando, convido uns portugueses para fazermos uma churrascada”.
Luís conta que a comunidade portuguesa é pequena e reduziu ainda mais depois da pandemia, mas “mesmo num país tão longínquo, não pertencente à União Europeia (UE), vislumbra-se sempre um português aqui ou ali. É fantástico!”, ao qual acrescenta que “ainda ontem encontrei um português nas manifestações. Encontrei um português dos Açores por acaso”.
Há sete que iniciou o “vai e vem” entre os dois países, depois de se ter apaixonado por uma georgiana. Em 2019, mudou-se permanentemente para Tbilisi, capital da Geórgia, com a esposa Anna, a médica ativista por quem se apaixonou em Portugal.
Agora, não é só o Dia de Portugal que é merecedor de celebração dupla. A maioria do povo georgiano é cristão ortodoxo. Como tal, Luís e Anna acabam “por celebrar tudo”, dois Natais, duas passagens de ano, duas Páscoas. “Eu, de vez em quando, tenho aqui um bacalhau e, no dia 25 (de dezembro), se estivermos por cá, fazemos um bacalhau. E depois, passados 7 ou 8 dias, fazemos outra celebração que é o Natal deles (georgianos). Vamos duplicando as festas”.
No que toca a celebrações, o português diz haver muitas semelhanças entre os dois países: “nós somos um país de vinho, eles também são um país de vinho, gostam muito de comer, gostam muito de se sentar à mesa, como nós”, mas confessa sentir falta do “nosso bacalhau, dos nossos enchidos, do nosso peixe. O peixe deles não é como o da nossa costa”.
Acrescenta ter “muitas saudades do nosso mar, sobretudo”, porque “o Mar Negro é mar, não é um oceano, não tem ondas. É muito mais quente, muito mais quentinho! Mas, mesmo assim, não bate o nosso”.
No entanto, sublinha que a Georgia é “um país belíssimo que eu visitei quase de lés a lés”. Luís Sousa Cunha trabalha na área da restauração e está a abrir um restaurante “pequenininho” chamado “Obrigado”. O objetivo é importar produtos portugueses, algo que ainda não conseguiu fazer, mas diz-se “convicto” de que um dia conseguirá.