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De 23 a 26 de maio terá lugar no concelho de Felgueiras a Grande Romaria em Honra de Santa Quitéria, uma festa que traz de volta a antiga tradição religiosa das Novenas.

O percurso inicia, pelas 09h30, nos Paços do Concelho, percorrendo todas as capelinhas até ao Santuário. No final, cada novena presta homenagem a Santa Quitéria depositando flores junto à sua barquinha.

Trata-se de uma tradição com muitos anos de história e que Maria Pinheiro, natural da freguesia de Vila Cova da Lixa, cumpre há sete anos e que começou por coincidência. “Conheci esta tradição há nove anos, mas num acaso. Lembro-me que eu e algumas familiares fomos, num domingo de manhã, a pé de casa até Santa Quitéria. Fazemos isso muitas vezes durante o ano. Alguém promete e depois vamos. Quando lá chegamos, por coincidência foi no dia das Novenas. Vimos muita confusão, muito movimento e comentamos entre nós que sem querer e saber íamos mesmo nove“.

Primas, irmãs e tias lá ficaram para a Missa e aí começaram a pensar “‘e por que não participar?’ No ano seguinte a minha tia viu como funcionava e inscreveu-se o grupo da família Macedo (da parte da mãe). Elas foram nesse ano, eu só fui ver e há sete anos comecei a participar“, recorda.

Os tempos mudaram, mas a tradição mantém-se neste grupo de família. “Combinamos para irmos todas iguais, ou seja, tentamos levar sempre uma peça branca, que simboliza a pureza, apesar de que hoje é impossível irem nove meninas puras, porque já vamos mais adultas, mulheres casadas”.

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Para além do vestuário, escolhem “uma ‘moda’, porque há vários tipos de cantares. Normalmente, vamos a pé de casa de cada uma, mas formamos mesmo direitinho a partir da câmara. Depois passamos o dia em Santa Quitéria. Levamos o farnel e ficamos por ali o dia a conviver. À tarde assistimos à procissão”.

Em entrevista ao Jornal A VERDADE, a felgueirense de 42 anos considera uma tradição “espetacular” e lamenta que se esteja a “perder” nas gerações mais novas. “Conheço há muitos anos, porque desde pequenina que a minha mãe sempre fez muitas novenas. Mas já começa a ser raro ver os mais novos nestas tradições. Por exemplo, a minha tia levou, o ano passado, uma novena de meninas pequeninas, eram as netas e amigas, mas não sabiam o que era, nunca tinham ouvido falar e não faziam ideia do que era uma novena. Foi um bocadinho difícil de organizar, porque não sabiam o que era o cantar às Novenas. No meu caso, lembro-me que com cerca de seis até aos 12 anos eu ia todos os anos a Novenas. Sabíamos o que era, mas hoje em dia está a perder-se um bocadinho”, lamenta Maria Pinheiro.

Nesta família a tradição mantém-se e é transmitido aos mais novos “que gostem. Uns acham piada, outros nem tanto, mas nós gostamos e mantemos a tradição. No meu caso, gosto de ir e agradecer, mas não gosto de prometer. Se acontecer algo bom, é ir e agradecer pelo que me tem dado. Vou sempre com fé, apesar de não ter nenhuma promessa. Não dá trabalho nenhum é a fé e o querer participar”.

Este ano, o grupo não vai cumprir a tradição “por motivos pessoais“, mas “se deus quiser” irá continuar em 2025.

Recorde a entrevista a Lucinda Pinheiro que, em entrevista ao Jornal A VERDADE, conta como surgiu a tradição das Novenas em Honra de Santa Quitéria.