miguel branco pesca
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Esta terça-feira, dia 16 de novembro, assinala-se o Dia Nacional do Mar, uma data que pretende realçar a importância do mar para a história e identidade de Portugal. O Jornal A VERDADE traz-lhe o testemunho de um homem que se dedica, há muitos anos, à pesca.

Há cerca de 35 anos que o mar, e a pesca em particular, fazem parte da vida do senhor Miguel Branco. Ainda em miúdo, e por influência do irmão, começou a pescar no rio, em Aveiro. “Perdíamos lá noites e noites. Ele gostava muito de pescar os congros”, recorda.

Entretanto surge a pesca apeada de dia, “que é mais à base de sargos, robalos” e, neste momento, “o que está a dar”, diz o senhor Miguel, “é o polvo. Este foi um ano excecional, já tirei cerca de 60 quilos”.

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Nunca fez da pesca profissão, só a nível desportivo, mas respeita o mar como ninguém, até porque “ele é que manda. Só podemos ir para o mar quando ele nos deixar. E nunca se deve virar as costas. Temos de olhar sempre de frente para o mar”.

A experiência de quem lá anda há mais de 30 anos, diz que “de meados de dezembro até fevereiro é perigoso andar no mar, porque os mares são altos, ou seja, o mar está calmo e de um momento para o outro vira e as vagas avançam os molhos”. Um perigo que, há três anos, fez o mar “levar três camaradas. Caíram na água e ficaram lá”.

No seu caso, o senhor Miguel tem “muitos anos” de mar, mas “felizmente nada de muito grave para contar. Uma vez caí no meio das pedras, lá nos molhos. Mas foi algo passageiro, e como levava um massagista comigo, fiquei como novo. Foi a única vez”, relembra em tom de brincadeira. 

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Dentro do mar mantém-se o respeito, mas fora dele tem-se perdido a higiene. “Infelizmente, já não existe nos pesqueiros (locais de pesca). Ao fim de semana vão para lá, deixam linhas no chão, lixo, levam bebidas e comidas, deixam lá sacos de plástico, enfim”. Um comportamento que diz “tornar-se perigoso. As linhas ficam no chão, vamos a passar e tropeçamos. Foi o que me aconteceu a mim, foi por causa disso que caí. Não se justifica porque lá há condições e caixotes do lixo”.

Aos 63 anos, o gosto continua, mas acompanhado pelos “cerca de 30 seguidores de pesca. Mas certinhos somos três. Normalmente costumo ir durante a semana, quarta ou quinta-feira, porque são os únicos dias que estou de folga”.

Não só de pesca se fazem estes encontros, porque “o convívio e a borga estão sempre presentes. Vamos pescar, mas não há competição entre os pescadores”.

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Entre o mar e o rio, onde também costuma pescar, prefere o primeiro, porque “é mais desafiante” e ajuda “a não pensar em mais nada. Transmite-me calma e alivia o stress. Começamos a pescar e esquecemos o resto. É um refúgio. Só o pescador é que consegue sentir, aquilo é fora de série”, confessa.

Há 20 anos que o senhor Miguel tem uma loja com produtos de pesca, porque sempre gostou da área. Com uma vida ligada ao mar, garante que “todas as semanas” tem de ir lá. “É como ir ao domingo à missa. Uns vão à missa, eu vou à pesca. É onde sinto mais paz“.