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Adelina Guimarães, natural de Figueiró, Amarante, dedica-se à organização de peregrinação à 34 anos, a partir do momento em que percebeu “que não podia ir a pé” e decidi então começar a “ajudar os outros”.

“No primeiro ano que organizei, levei 18, ou 22 pessoas, não sei precisar o número, a partir daí aumentava o número todos os anos, no segundo ano já levava 30 pessoas, depois 40, 60 e de repente passou logo para 100 pessoas e de há uns anos para cá senti-me obrigada a pôr um limite de inscrições. Nos últimos anos levava mais de 400 pessoas”, relembra.

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Adelina, de 63 anos, conta com a ajuda de três das suas quatro filhas para a organização de toda a logística, “duas são enfermeiras, a Manuela Cristina e a Elisabete. Elas tiram férias nessa altura e fazem o seu trabalho como voluntárias para cuidar dos peregrinos. A terceira, a Marisa, é assistente social e dedica-se à organização alimentar e a toda a logística. Ela trata de tudo”, acrescenta. 

O que mais recorda é a chegada ao Santuário de Fátima, “é muito emocionante, mas gratificante também, as pessoas podem achar que todos os anos é a mesma coisa, mas todos os anos é diferente, há sempre situações e pessoas que marcam a diferença”, acrescenta ainda que “é a coisa mais gratificante que pode existir, é um conforto, uma paz que não dá para explicar, só quem já sentiu sabe do que falo”

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A peregrinação a Fátima “é um misto de sensações” ao longo de todo o percurso, “há momentos para tudo, para rir, para chorar, para rezar, para cantar, há momentos para tudo, o dia é grande, o caminho é grande por isso há tempo para tudo, mas no fundo as pessoas, como eu, dizem que vale a pena o sacrifício e o sofrimento”, relembrando ainda dos peregrinos que a acompanharam ao longo dos anos, “há muitos peregrinos que passam por mim, mas há sempre aqueles que marcam mais”, confessa. 

“Há muitas coisas que marcam sem ser os pés, há pessoas que ganham bolhas de água nas pernas que parece que estão escaldadas devido ao calor. Mas nem é só o físico que conta, muito pelo contrário, os problemas psicológicos também contam muito e já tive peregrinos a não conseguirem acabar devido a isso”. No entanto nem todos os peregrinos sentem dificuldade em fazer a caminhada que conta com pessoas de todas as idades “a senhora mais velha que eu levei, foi comigo 22 anos seguidos e já tinha perto de 80 anos a última vez que fez a caminhada. de 77 e 78 têm ido várias pessoas, quase todos os anos há uma pessoa dessa idade a fazer a caminhada”.

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O fim de cada etapa é uma emoção muito grande, a equipa de apoio bate palmas a todos os peregrinos ao chegar ao sítio onde vão almoçar e descansar, como forma de parabenizar os peregrinos que terminam”, confessa emotiva e com saudade. “Todas as etapas são uma vitória, mas a chegada ao Santuário de Fátima é diferente, toda a gente chegou, toda a gente conseguiu e o encontro com o Santuário é um despertar de sentimentos muito grande, é muita emoção”, termina.

Adelina Guimarães informa que “os peregrinos têm que se preparar a nível psicológico antes de pensarem em fazer a caminhada, é o mais importante, claro que também têm que se preparar a nível físico, mas para isso têm que fazer muitas caminhadas antes, andar muitas horas seguidas e fazer uns bons quilómetros, para os músculos se irem adaptando”

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A peregrinação é algo “que se deve fazer pelo menos uma vez na vida”, mas para Adelina, tem de ser “feita com fé e devoção, não concordo com as pessoas que vão por desporto, quem vai deve ir com fé e com espírito de peregrinar, de pedir e de agradecer”

Texto redigido com o apoio de Ana Ferrás, aluna estagiária da Universidade Fernando Pessoa