A devoção a São Pedro no concelho de Felgueiras é já antiga, assim como a tradição do Cortejo das Flores, que todos os anos se celebra neste dia, 29 de junho. É, para a população, um dos momentos mais marcantes do ano, que alia a festa, a cor das flores e a devoção religiosa.
São milhares as pessoas que, cumprindo a tradição, sobem a pé o monte de Santa Quitéria, carregando cestos de flores que entregam à nossa senhora, como Maria Lopes que “há mais de 30 anos” participa no Cortejo das Flores. “Comecei a fazer parte desta tradição quando entrei no rancho infantil. Fui crescendo e continuei. Por isso, participo desde pequenina”, conta ao Jornal A VERDADE.
Aos 57 anos, Maria Lopes não se imagina “sem o cortejo que é a parte mais bonita das festas. Adoro participar e enquanto puder vou fazê-lo. Já tenho o bichinho dentro de mim e não vale a pena, isto vai ser até morrer”, frisa.
Se para o concelho este é um momento importante, para os que compõem o cortejo é ainda mais especial. Todos os anos, dezenas de grupos, em representação de freguesias, lugares ou associações do concelho ao longo do percurso, dançam e cantam, enquanto exibem os seus arranjos florais. “No meu caso, venho pelo Rancho Folclórico de Santa Luzia de Airães, freguesia de que sou natural”.
Ao Cortejo das Flores antecedem “muitos dias de trabalho e preparação” dos arranjos florais, dos trajes e das músicas que vão sendo cantadas ao longo da subida, enquanto os homens tocam instrumentos tradicionais, como harmónicas, concertinas, violas, tambores, cavaquinhos, ferrinhos e castanholas. “Antes quinze dias começamos com os ensaios, escolhemos as canções antigas que temos de trazer e vamos ensaiando. Dá muito trabalho, mas é com gosto que o fazemos, porque sem trabalho não se faz nada”.
São geralmente as mulheres mais velhas que carregam à cabeça grandes cestos de vime decorados com flores, mas também as crianças dão brilho ao momento e perpetuam a tradição. “É importante continuar com este cortejo, porque faz parte da nossa identidade”, sublinha.
Quando começou a participar, Maria Lopes “já tinha várias pessoas na família” que lhe passavam este gosto. “As minhas tias e a minha mãe já participavam”, conta. Hoje, é a vez da sobrinha Isabel Lopes, que participa desde os cinco anos, seguir os passos da tia. “A minha menina vem sempre”, conta com orgulho.