goreti correia baiao
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Goreti Correia, natural da União de Freguesias de Ancede e Ribadouro, em Baião, é a prova viva de que com “esforço” o ser humano é capaz de tudo. Apaixonou-se pela caminhada, mais tarde veio a corrida e depois o objetivo de percorrer o máximo de trilhos possíveis em menos tempo. Aos 48 anos sagrou-se campeã nacional de uma prova de 180 quilómetros.

Embora em criança Goreti Correia fosse “preguiçosa” e a educação física não fosse o seu forte, na casa dos 18 anos começou a descobrir “as atividades ao livre” e a interessar-se por caminhada, corrida, ginásio e, ainda, natação. Depois de vir a paixão pelo desporto, Goreti Correia decidiu acrescentar ao curso de professora de primeiro ciclo, uma formação em desporto. 

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Apesar de ter vivido cerca de 30 anos em Ancede, o casamento levou Goreti Correia até Viana do Castelo, onde vive há dez anos. Conheceu o marido com 20 anos e o desporto foi um ponto de união. “Sempre que tinhamos um fim de semana prolongado iamos para as mais altas montanhas da Europa. Na altura, a caminhada e corrida de montanha quase não existia, muito menos trilhos marcados, lá era outro mundo, acabei por descobrir o trail e aquilo fascinou-me”.

Anos mais tarde, o companheiro sofreu uma lesão grave no joelho que o levou a reduzir fortemente o treino físico. Goreti sabia que tinha ou de continuar sozinha ou deixar de correr, chegou a parar um ano, altura que coincidiu com o nascimento do primeiro filho, mas percebeu que dessa forma “não era feliz. Precisava da corrida na minha rotina, se estou dois dias sem correr, já começo a ficar rabugenta, já é como tomar banho, faz parte da minha vida”. A atleta percebeu que ir todos os dias correr é estar consigo mesma. “Tornou-se um escape e hoje é uma rotina”, destaca.

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Em 2020 começou a meter o corpo e a mente ainda mais à prova e teve, desde a primeira competição, resultados positivos. Foi vice-campeã na distância de ultra (40 e poucos quilómetros), há três anos sagrou-se campeã nacional em equipa feminina e campeã nacional na distância dos 100 quilómetros no escalão F-45, há dois anos foi vice-campeã nacional e campeã nacional no escalão F-45 e, em 2023, realizou a prova dos 180 quilómetros, tornando-se campeã nacional absoluta, isto é, a primeira mulher em Portugal a concluir a prova, com um tempo de 31:34:34. Resultado destas competições, a baionense ganhou um ‘bichinho’: “fazer o máximo de quilómetros no menor tempo possível“.

Onde vai buscar forças para continuar a correr? Goreti Correia conta que “quando vou mesmo abaixo, porque é muito duro, é muito sacrifício, eu penso que cada passinho que dou estou mais perto de terminar e de estar em casa com os meus filhos. Claro que me passa pela cabeça desistir porque é um sofrimento brutal, mas penso que não é esse o ensinamento que quero dar, porque os meus filhos são federados no hóquei em patins. Uma coisa é desistir por lesão, mas quando é por desgaste, desidratação, não desisto. Tenho uma equipa de apoio brutal que me dá toda a força que preciso e é aí que vemos o amor e amizade e, é também por eles, que não desisto”.

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Para quem quer iniciar a prática de uma modalidade, nomeadamente, a corrida, a campeã deixa alguns conselhos: “comecem por procurar ajuda profissional, preparem o corpo e comecem aos pouquinhos. Um dos lemos que tenho é ‘nunca devemos deixar para amanhã aquilo que podemos fazer hoje’, e, se nós queremos muito uma coisa, não podemos estar à espera que sejam os outros a fazê-la por nós, quando organizamos bem a nossa vida, nós conseguimos arranjar tempo para aquilo que nos dá prazer. Para além de que só conseguimos fazer os outros felizes se nós estivermos bem. Nunca pensem que não são capazes, quando queremos vamos à procura, lutamos e conseguimos, só não consegue atingir os objetivos aquele que desiste”, finalizou.

Com os olhos postos na época desportiva deste ano, Goreti Correia vai voltar a realizar a prova do campeonato nacional no início do mês de junho.

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