Gabriel Ferreira, de 11 anos, foi Campeão Distrital Infantis Masculinos Patinagem Livre, em representação da Apalou – Associação de Patinagem Artística de Lousada, no dia 7 de maio, em Alfena.
Com apenas 4 anos, o jovem natural de Lousada deu os primeiros passos na patinagem artística. “Nessa altura a minha filha mais velha estava na modalidade e ele cresceu a ver a irmã”, conta a mãe, Adriana Ferreira, ao Jornal A VERDADE.
A patinagem artística foi a primeira modalidade desportiva que experimentou e o “bichinho foi crescendo. Naquela altura, só se começava a praticar aos quatro anos, mas como a irmã andava no clube, deram-lhe autorização para pegar nos patins. Ainda não tinha quatro anos e foi dar umas voltinhas ao pavilhão e adorou. A partir dali nunca mais largou”, recorda a mãe.
Sete anos depois, Gabriel Ferreira vive ”intensamente” esta paixão que já o levou ao pódio por duas vezes. “O ano passado participou pela primeira vez no Campeonato Distrital e conquistou a medalha de bronze. Este ano conseguiu alcançar o primeiro lugar do pódio”, conta Adriana Ferreira.
Conciliar os três treinos semanais, com as aulas e o conservatório “é uma tarefa difícil, mas é com gosto” que Gabriel o faz.
O que hoje é uma certeza na vida do jovem, há uns tempos era uma dúvida pelo preconceito que sentia por praticar esta modalidade. “Infelizmente em pleno século XXI ainda há muito preconceito em relação à prática de patinagem artística por homens. O Gabriel não é uma criança de se queixar em casa, mas eu notava que ele ficava triste. Alguns amigos gozavam com ele, porque diziam que era coisa de menina”.
Foi nessa altura que Gabriel foi experimentar futebol e “adorou o primeiro treino. Pensei que ia querer desistir da patinagem, porque não havia forma de conciliar as duas modalidades. Ambas exigiam muito dele”, conta a mãe.
Mas a paixão pelos patins falou mais alto. “No terceiro treino disse-me: ‘mãe realmente nasci mesmo para a patinagem e desisto do futebol de vez’. Não é por ser meu filho, mas ele patina mesmo muito bem”, diz com orgulho.
Adriana Ferreira acredita que o filho pode ser “uma inspiração para outros meninos perderem a vergonha para praticar a modalidade. Os miúdos não aderem muito, já entraram muitos no clube que o Gabriel representa, que acabaram por desistir. Mesmo em clubes muito maiores existem sempre poucos rapazes, mas a patinagem é para todos”, sublinha.
Enquanto mãe, aconselha todos os pais “a colocar em primeiro lugar a felicidade dos filhos e deixarem-nos fazer o dito ‘não normal’”. Como a própria frisa, “normal é vermos os nossos filhos felizes, independentemente do desporto que escolham. Nesta modalidade, por exemplo, temos campeões mundiais que são portugueses e excelentes patinadores a nível nacional. É uma pena não ser mais divulgado”.
Apesar de “dispendiosa”, a patinagem artística é uma modalidade “linda”, realça Adriana Ferreira que aconselha todos os pais a “perceber o que os filhos gostam verdadeiramente, no que se sentem bem e apoiar a 100%. Isso é o mais importante, porque qualquer desporto está aberto para qualquer criança”.
