emigrante carlos sousa
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Carlos Sousa, desde pequeno, que sabe o que é “lutar pela vida” e foi exatamente isso que fez quando decidiu emigrar. O jovem de 27 anos, natural de Várzea, Aliviada e Folhada, no concelho do Marco de Canaveses, encontra-se no Luxemburgo, com a família que constituiu, mas já passou pela Bélgica. Em entrevista ao Jornal A VERDADE, falou um pouco sobre a sua vida e também sobre esta aventura que é a emigração.

A sua experiência começou aos 18 anos. Carlos Sousa estava no balcão do restaurante em que trabalhava desde os 16 anos e “apareceu um senhor” que o convidou para ir trabalhar para a Bélgica. Decidiu, então, arriscar: “Fui para a Bélgica com o pouco dinheiro que tinha e sem conhecer nada nem ninguém. Estive lá uns meses e os pagamentos que recebia eram quase só para comer e em mão, pois diziam que estavam com problemas no banco”, descreveu. Foi então que foi para o Luxemburgo, “pois tinha uma amiga que era de lá. Entretanto a sua família disse que me ia ajudar a encontrar um trabalho e disseram que podia ficar lá em casa. E assim foi. Depois de alguns meses fui trabalhar para um restaurante português, O Atlântico, onde o Sr. Nuno me deu a oportunidade ”, acrescentou.

A partir deste momento, Carlos Sousa, conhecido como Litos, conseguiu orientar a sua vida. E foi nesse restaurante que a sua “história de amor” teve origem. “Numa certa noite, e como o trabalho estava mais calmo, decidi mandar mensagem a uma rapariga, de seu nome Andreia. Era de Caxarias, perto de Fátima, então só podia ser boa pessoa. Perguntei se queria pagar um café e ela disse que sim”, descreveu. Pediu ao patrão “para sair mais cedo”, que rapidamente lhe disse que sim, e foi para o encontro. “Depois começamos a sair, mais tarde, começamos a namorar”, disse.

Com o passar do tempo, o jovem casal decidiu trocar de trabalho, “pois a restauração não dava para estarmos muito tempo juntos. Como queríamos construir uma família, era mais complicado. Decidimos tirar a carta de autocarro e começamos a trabalhar nos transportes públicos, trabalho que temos até hoje. Foi, sem dúvida, uma mudança de vida”, constatou.

No entanto, “nem tudo foi perfeito”, a poucos meses do nascimento da primeira filha, a mãe faleceu. “Fiquei de rastos. Foram tempos difíceis, tanto para mim como para a minha família, principalmente para o meu irmão mais novo que vivia com a nossa mãe em Portugal. Quando isso aconteceu, ele veio para o Luxemburgo viver comigo e com a Andreia. Hoje, felizmente, tem um bom trabalho”.

Hoje em dia, e já com dois filhos, Leonor e Francisco, Carlos Sousa tem “uma linda família. Já conseguimos comprar uma casa, junto à fronteira. Adoramos ir a Portugal de férias, visitar os meus avós, tios e primos e, claro, os amigos”, descreveu. Contudo, o regresso definitivo não está nos planos. “Por muito que Portugal seja o nosso país Natal, depois de viver aqui, jamais queremos viver em condições piores. Não falo a nível de dinheiro, mas sim saúde, educação, qualidade de vida…”.

Mas a saudade não fica só pela família. Litos admite que sente falta “da praia e da comida. Não tem nada a ver, por muito que aqui tentem fazer igual”. Quando vem a Portugal garante que mata “as saudades de tudo”.

Em jeito de conclusão, Carlos Sousa deixa uma mensagem a quem está a pensar dar o passo da emigração: “não dependam de algo que vos prende e tentem, sempre, buscar a felicidade. É uma caminhada difícil, eu fiz parte dela sozinho e consegui. Se querem uma vida melhor, não desistam e arrisquem”, finalizou.