filipe folclore
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Este domingo, dia 26 de maio, comemora-se o Dia Nacional do Folclore Português. Uma data que foi instituída pela Assembleia da República, por iniciativa da Federação do Folclore Português (FFP) e que se assinala, todos os anos, no último domingo de maio.

Filipe Vasconcelos é membro do Grupo Folclórico de Santa Cruz de Vila Meã (Amarante) e conselheiro técnico da região Baixo Minho Interior da Federação Portuguesa de Folclore. Em entrevista ao Jornal A VERDADE, falou da importância de se “manter vivo” o folclore, defendendo que faz parte “da história e da cultura do povo”.

Natural da freguesia de Banho e Carvalhosa, desde muito novo que Filipe Vasconcelos vive o folclore na primeira pessoa. Tinha apenas sete anos quando entrou para o grupo de Vila Meã. “Faço o que é preciso. Quando comecei, fui para dançar, depois aprendi a tocar cavaquinho, embora no grupo apenas tenha tocado uma vez, quando parti um pé e não conseguia dançar. Aprendi a tocar concertina quando tinha 11 anos e comecei a tocar no grupo. Hoje, sou o tocador principal, mas sei muito bem distribuir tarefas, se puder dar lugar em tudo e estar presente, assim o farei”, disse, acrescentando que, em certas danças, também dá o seu contributo. 

A entrada na Federação do Folclore Português deu-se há 14 anos, por convite. “Os senhores conselheiros técnicos da região, na altura ainda era denominada de entre Douro e Minho, faziam visitas aos grupos federados para avaliá-los. Perceberam que, no grupo de Vila Meã, eu estava sempre a ajudar e que tinha sensibilidade para as questões do folclore e das tradições, então fizeram-me o convite. Fiquei um tempo a pensar e depois fui acompanhar, para ver como funcionava. Acabei por ficar e aqui estou, até aos dias de hoje”, disse.

“O folclore, quando está bem representado, é um verdadeiro museu vivo”

Filipe Vasconcelos afirma que o folclore tem a missão de “manter viva a tradição”, recordando que, “como a própria palavra indica, folclore significa o estudo do povo”. Para o conselheiro, “uma terra que não tenha folclore pode considerar-se uma terra pobre. Tudo aquilo que está nos usos e costumes, nas suas tradições, é retratado pelos grupos de folclore. Não havendo folclore, não há nada registado e não há identidade”.

Os grupos folclóricos, numa localidade, “sabem como manter vivas as tradições”, há a “recolha de trajes, de gravações, fotografias”, exemplificando que, no grupo a que pertence, “há a encenação do cantar das janeiras e reis, a espadelada do linho… estas coisas que os nossos avós se lembram muito bem. Por exemplo, temos um traje de casamento que nos cederam que já tem 120 anos, é algo único e tem de ser preservado”.

De acordo com Filipe Vasconcelos, “o folclore, quando está bem representado e tem uma justificação, com trabalho rigoroso, é um verdadeiro museu vivo”, defendendo a importância de “reconhecer o esforço que os grupos fazem para manter viva a representação fiel”.

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O conselheiro deixa ainda um apelo às câmaras municipais e às juntas de freguesia. “Nós, amantes desta causa, andamos por amor à camisola, porque somos portadores da nossa identidade e da nossa história. Muitas vezes, infelizmente, não temos o apoio merecido. Faço o apelo, apoiem os grupos de folclore, porque nas bandeiras e nas placas, quando vamos a outros concelhos ou até além fronteiras, levamos o nome do nosso concelho e da nossa freguesia e isso devia ser motivo de orgulho”, apontou.

Por fim, Filipe Vasconcelos espera “que as gerações vindouras continuem este trabalho”, recordando que o folclore português “ainda mantém uma representação fiel. O nosso país, por enquanto, ainda mantém uma representação fiel, então é importante não deixar cair o folclore”, finalizou.