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Filipe Cerqueira: "Quando se tem objetivos na vida não há condicionantes"

Redação

Em novembro de 2022, Filipe Cerqueira viveu "uma das melhores sensações" a nível desportivo. Em representação pela Seleção Nacional de Andebol em cadeira de rodas conquistou os títulos de campeão europeu e mundial. 

Seja em qual desporto for, a vontade de vencer tem sido a mesma ao longo dos anos e estar numa cadeira de rodas não o impede "de fazer rigorosamente nada". Começou no ciclismo, modalidade em que foi duas vezes campeão nacional; seguiu-se o remo, onde apostou "muito" durante nove anos e na qual conquistou cinco títulos de campeão nacional; depois, "por vários fatores", foi para o andebol. "Hoje, sinto-me bem e ainda bem que entrei mais afincadamente nesta modalidade, porque comecei a ser selecionado para estágios, convocado para torneios e estive e espero estar nos mais altos patamares", garante.

Iniciou a modalidade em 2012, mas apesar de ser federado pela equipa, "sempre esteve um bocadinho mais à margem". A partir de 2019, comecei "com mais regularidade e assiduidade" no andebol e abandonou o remo.

Em entrevista ao Jornal A VERDADE, Filipe Cerqueira transmite a paixão pelo andebol, modalidade que o levou a viver um momento "arrepiante. A sensação de se ser campeão é algo que não se consegue explicar em palavras. Por mais adjetivos que queiramos encontrar é muito difícil. É um patamar tão elevado, tantos atletas o gostavam de ser e tão poucos foram aqueles que conseguiram, que não encontro as palavras indicadas para enaltecer aquilo que sentimos. É algo extraordinário, que desejamos tanto e quando conseguimos é uma euforia, um entusiasmo que não é traduzido em palavras. Ser campeão do mundo, seja em que modalidade for, é extraordinário", frisa o atleta.

Mas a felicidade não se fica pela vitória, é vivida também no momento em que se ouve e canta o hino português e Filipe Cerqueira prova isso mesmo. "Em todas as vezes que o ouvimos, é arrepiante. Ouvi-lo já sendo campeão do mundo, cantá-lo com um sentimento de vitória, com tantas pessoas no pavilhão a cantar connosco, a puxar por nós, é arrepiante e fabuloso. A nível de desporto, sem dúvida a melhor sensação da minha vida. O europeu foi bastante bom, mas conseguirmos atingir o patamar mundial é indescritível".

Depois destas conquistas, o futuro passa pelos jogos paralímpicos e o atleta quer "ajudar a seleção a fazer esse caminho". A modalidade ainda não é paralímpica, "infelizmente", mas há a esperança de que a seleção portuguesa seja convidada para os Jogos de Paris, em 2024. "Se assim for. Portugal está lá e em 2028 será modalidade paralímpica. Não depende só de nós. Somos os atuais campeões da europa e do mundo, por isso já tínhamos o nosso lugar assegurado, mas ainda está muita coisa em cima da mesa, estão a ser limadas muitas arestas", afirma esperançoso.

Contrariando o estigma ainda existente no que à cadeira de rodas diz respeito, o atleta e militar da GNR, garante que esse é "exclusivamente um meio de deslocação" e passa uma mensagem de resiliência. "Acho que devemos acima de tudo pensar que é sempre possível. Uma pessoa que tenha algum tipo de condicionamento ou deficiência, seja qual for, deve experimentar uma modalidade. Há uma panóplia de desporto adaptado que se pratica em Portugal, por isso, experimentem. O primordial é experimentarem e sentirem-se bem na modalidade que praticam. depois o gosto vai aparecer, porque vai ser integrado num ambiente diferente, com pessoas diferentes, com objetivos e quando se tem objetivos na vida não há condicionantes".