No âmbito do Dia Mundial do Cancro, assinalado este domingo, dia 4 de fevereiro, o Jornal A VERDADE traz-lhe o testemunho de Filipe Carvalho, vítima de um cancro no testículo aos 35 anos.
Filipe Carvalho, natural de Baião, mas a residir na freguesia de Sande e São Lourenço do Douro, concelho do Marco de Canaveses, foi surpreendido com um tumor no testículo aos 35 anos. Nunca tinha lidado com a doença de perto, muito menos na própria pele, mas com "muita força de vontade" e o "apoio da família" foi ultrapassando cada etapa.
Ao Jornal A VERDADE partilha que "nunca sentiu qualquer tipo de dor", no entanto notou que o testículo "estava mais duro, parecia uma pedra e sabia que não era normal". Filipe Carvalho trabalha na Bélgica, enquanto encarregado da construção civil, e na altura preparava-se para regressar ao trabalho, mas não conseguiu seguir viagem sem antes consultar um urologista, no dia 3 de agosto de 2022. Ainda antes do diagnóstico preciso, o médico já apontava para um tumor e confirmava-o na ecografia que entregou ao paciente no mesmo dia. "O tamanho do cancro indicava que era maligno. Da forma como foi dito, sem palavras meigas, foi uma rasteira grande…", confessa.
Sem baixar os braços, Filipe Carvalho dirigiu-se ao Centro de Saúde de Bem Viver, onde "a Dr.ª Sara, sempre muito simpática, atenciosa e uma grande profissional de saúde, passou-me os exames e encaminhou de urgência para o Hospital Padre Américo, em Penafiel, onde foram também cuidadosos e excelentes profissionais de saúde".
Uma semana depois, numa nova consulta de urologia, o médico confirmou que "dada a idade e o tamanho do cancro o caso era prioritário", por isso, no dia 17 de agosto, Filipe Carvalho já estava deitado numa maca pronto para ser operado. Entretanto, também realizou alguns TACS para perceber se o cancro se tinha alastrado pelo corpo, mas "graças a deus" isso não aconteceu. A 21 de setembro, Filipe Carvalho foi encaminhado para o IPO do Porto.
"Família, amigos, pensamento positivo e excelentes profissionais" foram a cura
No IPO destaca ter sido recebido por uma equipa "simpática e pronta para explicar tudo acerca da doença, dos procedimentos e da quimioterapia" que acabava de entrar na sua vida. "Andei alguns dias mais embaixo, mas mantive a força de vontade, não me deixei vencer e nunca demonstrei estar doente". Atualmente, Filipe Carvalho é seguido no IPO de quatro em quatro meses e conta que "para já está tudo normal", no entanto, admite que existe um receio presente a cada consulta. "Vamos sem saber o que nos vão dizer".
Embora a garra característica de Filipe Carvalho, confessa que são fases "difíceis", mas que superou junto dos mais próximos. "Tive o apoio da minha família, a minha mulher continua a acompanhar-me sempre, mas tive o apoio de todos os familiares sem exceção. Deixo um agradecimento especial à minha sobrinha que é enfermeira e foi o meu braço direito".
Durante este processo, Filipe Carvalho "viu cair a vida aos pés", já que vivia com a ideia de que "só acontece aos outros" e, por isso, pouco sabia sobre o cancro que tinha no corpo. Dias de pesquisa levaram-no a pensar em: "como a vida seria dali para a frente" e a dar "mais valor" a coisas simples. Com as leituras, percebeu também que o cancro de testículo era mais "normal" do que pensava e que homens dos 15 até aos 40 anos corriam risco, mas também tinham 95% de probabilidade de cura que, aliado "à família, amigos e ao pensamento positivo" era meio caminho andado.
A tempestade trouxe a bonança, e em janeiro de 2023 descobriu que ia ser pai pela segunda vez. "Vinha mais uma filha e mais uma força para viver", partilha. Atualmente, é pai de duas meninas, uma de oito anos e outra de quatro meses.
Para terminar, Filipe Carvalho deixa uma mensagem de apoio e incentivo a outros homens: "Não se escondam por vergonha, se detetarem algo fora do normal, seja o sítio que for, marquem uma consulta. Se não forem detetadas a tempo podem ter consequências mais graves… a vida dá muitas voltas e, às vezes, nem sempre como a gente gostaria, mas hoje em dia a medicina está muito avançada, e temos bons profissionais de saúde, se começarmos o tratamento o quanto antes será melhor para nós. Acima de tudo tentar manter o pensamento positivo e valorizar as pessoas que estão ao nosso lado, pois são tempos que marcam as pessoas, e um pequeno gesto de amor ou força naqueles momentos valem ouro...tenham fé, força e acreditem que tudo vai ficar bem. Falo por experiência própria, meti na cabeça que tudo ia correr e sempre levei a minha vida normalmente e, para já, tudo vai bem…".
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