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Desde muito nova que Filipa Carneiro encontra nas palavras uma espécie de catarse de acontecimentos marcantes e de expressão da criatividade. Hoje em dia, além de diretora clínica do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, já conta com dois livros de poesia publicados e muitos poemas escritos.

“Já escrevia desde muito jovem alguns poemas e as pessoas iam gostando. Depois, por intermédio de um amigo que é poeta (como hobby) e achou interessantes os meus poemas, comecei a participar em coletâneas de editoras de Lisboa. Depois disso, houve um concurso também para poetas amadores, num tributo a Jorge Palma, da editora Pastelaria, e fui premiada”, conta ao Jornal A VERDADE, explicando que, na altura, escrevia sob o pseudónimo Flávia Taborda.

Filipa Carneiro explica que essa situação acabou por incentivá-la e, então, decidiu coletar os poemas que tinha e, em 2018, lançou o livro “Confessável”. Recentemente, lançou “Indelével”, da In-Finita editora, que já estava editado desde 2020, mas, com a pandemia, foi adiado o seu lançamento, acabando por ser agora associado à Feira do Livro.

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“Os temas refletem uma catarse de coisas que nos marcam mais, alguma inquietude de alguma justiça, de alguma sensibilidade. No fundo, claro que tem sempre, como tudo, algo autobiográfico”, revela, explicando que chegou a escrever sobre “a falta de abraços durante esta pandemia” e sobre “Inquietoscópios de essências”, numa analogia ao estetoscópio.

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“Em todas as profissões de uma forma geral, mas na profissão médica, eu acho que tudo o que sejam áreas que tenham a ver com competências de criatividade, de alguma sensibilidade intercultural acho que são importantes para o desempenho das profissões e, particularmente da profissão médica, porque nos dá alguma plasticidade mental para a nossa parte da comunicação, quer interpares quer com o doente… esta relação que se cria acho que faz com que se tenha uma maior sensibilidade e também, essencialmente, acho que a simbologia, seja ela expressa de forma de literatura ou de formas de artes gráficas ou visuais, acaba por ser o requinte do pensamento e que nos leva ao autoconhecimento”, comenta.

A autora aconselha ainda a que se deve, “essencialmente, deixar fluir” o que se tem e arriscar e “agarrar as oportunidades”.

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“Para mim, o importante é que a poesia também toque as pessoas e as leve a refletir, no fundo, a expandir um bocadinho mais a consciência de uma forma mais simbólica e, se isso acontecer, já é bom. Não é uma questão de autopromoção ou uma questão comercial. Acho que as pessoas devem expressar a sua criatividade, seja em que área for, e, depois, é uma questão de agarrar as oportunidades, de conhecer pessoas das artes. É essencial é realmente as pessoas terem autoconhecimento, expressarem e isso permitir-lhes conhecer mais o outro, estar mais sensível ao outro, ser mais solidário e, no fundo, não é só calçar os sapatos do outro, é calçar os sapatos do outro com os pés do outro e é por isso que a poesia é de quem a lê porque eu não consigo sentir os pés do outro quando lê”, sublinha.

Filipa Carneiro afirma que não tem intenção de “escrever para publicar” e, por agora, vai dedicando-se também a um projeto relacionado com “prosa-poética”, que deverá ser elaborado “a quatro mãos”.