daniel marco
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“A melhor infância que tive foi com a minha avó, não haja dúvidas!”. É desta forma que Daniel Barros, residente na freguesia de Vila Boa do Bispo (Marco de Canaveses) recorda uma das “meIhores” fases da vida. Nasceu em França, um ano depois dos pais terem emigrado, mas aos sete anos regressou para a terra natal da família, onde ficou a viver com a avó, também madrinha, durante seis anos.

Corria o ano de 1970 e os pais de Daniel Barros viram-se “obrigados” a ir à procura de uma vida melhor. À semelhança de muitos portugueses, foram a salto para França, instalaram-se e, um ano depois, nasceu o pequeno Daniel, primeiro e único filho.

Até aos sete anos viveu e estudou por terras francesas, mas depois teve de se adaptar a novas realidades: mudar-se para Portugal, viver com a avó e ficar longe dos pais.

Como único neto e afilhado, o ‘marcoense’ recorda uma avó cheia de tempo para si. “A minha avó só via o neto à frente, sempre nos entendemos bem e sempre me defendeu”, partilha. D. Angelina era funcionária de uma escola da freguesia e, até hoje, o neto lembra-se de ir limpar a escola à noite. “Eu ia com ela e levava sempre um lampião petróleo para iluminar o caminho”.

Daniel Barros sempre tratou a avó como uma segunda mãe. “Cresci e continuei a levá-la comigo às compras, fazia-lhe companhia sempre que podia”. Partilharem o dia a dia e várias vivências durante seis anos, levou a que D. Angelina e o neto desenvolvessem uma “relação forte” que durou uma vida.

Os pais de Daniel ainda ponderaram regressar a Portugal, mas fruto das necessidades financeiras acabaram por permanecer em França e, aos 13 anos, o filho voltou para perto dos pais. “Quando regressei tive a sorte de ter muita afinidade com as minhas primas que me guiaram na escola e tinha um amigo de infância que andou comigo no infantário que reencontrei e também foi uma ajuda preciosa“, conta.

Quando cresceu, Daniel seguiu as pisadas do pai, que se dedicou à carpintaria, para além de ter cumprido a tropa. Em França, acabou por se tornar num homem casado e teve a primeira filha, mas no ano em que celebrou o 30.° aniversário regressou a Portugal e nunca mais pensou em voltar. “Sou vigilante, trabalho numa empresa de segurança privada, arranjei trabalho e estou na mesma empresa desde 2001. Cá tive também o meu segundo filho. A verdade é que me habituei a Portugal, embora tenha as minhas raízes em França, porque nasci e gostei de lá estar, mas agora só imagino a minha vida cá”.

Também os pais de Daniel acabaram por regressar e, “felizmente, continuam ambos vivos”. Embora seja de formas diferentes, Daniel Barros sente que tanto Portugal como a França Ihe preenchem o coração, mas que a casa da avó continua a ser o local “preferido”, transmitindo-lhe “boas recordações e conforto” até hoje.