fiat uno
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Há 40 anos, o Fiat Uno mudou a forma como os automóveis eram desenhados e produzidos, sendo o responsável por algumas estreias no setor com o único objetivo de garantir a qualidade de construção no segmento.
A Equipa Heritage da Stellantis apresenta um segundo vídeo que revela como este ícone da Fiat criado há 40 anos é tão especial em termos de inovação tecnológica aplicada ao design e à produção. Roberto Giolito, Diretor do departamento Heritage da Stellantis (Alfa Romeo, Fiat, Lancia, Abarth), conduz os espetadores nesta viagem com imagens do Centro Storico Fiat e memorabilia conservadas no Heritage Hub.

O Fiat Uno representa uma mudança radical no setor automóvel graças à concretização de várias inovações: a utilização extensiva de robôs no processo de produção, uma nova e frutuosa relação entre o Centro Stile e a Engenharia e o estabelecimento daquilo a que hoje chamamos Design Funcional. Tudo foi concebido para obter o mais alto nível de qualidade, que é exatamente o que se esperaria do modelo mais inovador do segmento. Foi dado um salto notável na qualidade graças, em parte, ao considerável investimento financeiro realizado. De facto, com cinco anos de pesquisa e design e um orçamento de cerca de um trilião de liras, foi o investimento mais significativo da Fiat num novo veículo até então.

Roberto Giolito, Diretor do departamento Heritage da Stellantis (Alfa Romeo, Fiat, Lancia, Abarth) declarou que “o Uno era um projeto completamente inovador, a começar pela sua carroçaria que, ao contrário do seu antecessor, o 127, foi pensada para ser produzida com soldadura robotizada. As portas foram montadas com menos componentes e a nova porta traseira também permitiu remover a linha de soldadura que tinha anteriormente sido vista como uma falha e que se tinha tornado um design distinto para a lateral”.

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O Robogate, na vanguarda da automação da produção

Com o Fiat Uno, uma nova conceção de produção ganhou forma, a qual conduziria a uma Fábrica Integrada orientada para uma maior flexibilidade. A pedra angular desta filosofia industrial foi o Robogate, um sofisticado sistema de produção concebido pela Comau, empresa líder em automação do Gruppo Fiat, para a montagem de carroçarias de automóveis e que se baseava, principalmente, num preciso sistema de soldadura por pontos para cada peça do veículo. A sua estreia teve lugar em 1978 na fábrica de Rivalta com a produção do Ritmo, mas rapidamente foi utilizado nas fábricas de Mirafiori e Cassino. O Fiat Uno faria uso deste sistema e aproveitaria dezenas de robôs para as fases de montagem, soldadura e acabamento, melhorando significativamente a homogeneidade e a qualidade da produção. A maior parte do investimento global do projeto “Uno” foi para a automatização da fábrica. Todos os dias realizava-se uma espetacular “dança” com braços mecânicos, elevadores e portões, cujo timing e processos eram geridos por um computador.

O motor FIRE, a joia tecnológica do Gruppo Fiat

Os robôs também se instalaram na fábrica futurista de Termoli 3, especificamente criada em 1985 para a construção do novo motor FIRE, cuja história está intimamente ligada à do Uno. Foi o primeiro veículo Fiat a ser equipado com esta joia da engenharia italiana que foi produzida durante 35 anos e em mais de 23 milhões de unidades. O seu nome é um acrónimo de Fully Integrated Robotized Engine e refere-se ao método inovador com que foi criado, ou seja, o sistema Robogate. Em comparação com o motor anterior utilizado em todos os veículos Fiat, o novo FIRE era mais compacto e leve (apenas 69 kg), mais simples na sua filosofia de design (com menos 95 componentes), mais moderno (passando de um sistema de hastes e balanceiros para um com uma árvore de cames à cabeça), mais fiável e mais fácil de montar. Em suma, foi um projeto de longa duração e apresentava engenharia de motores que se tornaria parte do imaginário coletivo e um sinónimo de fiabilidade e qualidade.

A engenharia e o Centro Stile, estreitamente ligados por instrumentos e objetivos

Com o Fiat Uno, até a forma como os veículos eram concebidos foi revolucionada e as mesas de desenho foram substituídas por estações CAD. O desenho assistido por computador permitiu uma superior precisão e tolerâncias reduzidas a zero, uma parte do projeto que estava sempre sujeita a algum erro humano. A relação entre o Centro Stile e a Engenharia também sofreu alterações, pois começaram a colaborar mais proximamente e a procurar soluções capazes de combinar design com funcionalidade e beleza estética com racionalidade.

Estes foram os anos em que, mesmo ao nível do grupo automóvel, a empresa se orgulhava de exibir componentes comuns ou peças modulares que eram utilizadas para fazer veículos também para outras marcas. Além disso, no início dos anos oitenta, o Centro Stile da Fiat tornou-se um estúdio de design multimarcas graças à coordenação de estilo das marcas do Grupo e desempenhou um papel mais importante na maior gestão técnica (aquilo a que hoje chamamos Gestão de Engenharia). Neste verdadeiro berço de ideias inovadoras, desenvolveu-se também um diálogo permanente com os estúdios de design da época, incluindo a recém-formada Italdesign de Giorgetto Giugiaro (que desenharia o Fiat Uno), a Bertone e a Pininfarina, bem como os estúdios do Idea Institute, que seriam em breve fundados.

O nascimento do conceito de Design Funcional

O Fiat Uno estava à frente da tendência europeia neste segmento ao oferecer uma carroçaria com um para-brisas que se inclinava mais para a frente, como se tivesse uma forma “volume único”. Além disso, a maior inclinação do capô unia a janela da frente e o próprio capô. A janela traseira estava totalmente nivelada enquanto, pela primeira vez, as calhas de chuva por cima das portas foram eliminadas. Graças aos robôs da fábrica, a soldadura do tejadilho com a lateral realizou-se através dos famosos suspenders. Tudo isto permitia uma maior acessibilidade e facilidade na entrada e saída do veículo. Além disso, foram necessários apenas alguns centímetros de elevação do banco do condutor, permitindo um controlo e maneabilidade em estrada inigualáveis.

O Fiat Uno foi praticamente um sucesso imediato. Foi muito elogiado pelo mercado e pelos profissionais do setor que o elegeram como o “Car of the Year” em 1984. Os seus principais pontos fortes eram o seu espaçoso habitáculo que albergava até cinco pessoas e o seu amplo porta-bagagens, facilmente acessível a partir da porta traseira. Foi também reconhecido pelo seu painel de instrumentos inovador com dois comandos nas laterais, a partir dos quais quase tudo podia ser controlado. Apenas o indicador de mudança de direção recorria a um comando convencional atrás do volante, enquanto os da climatização estavam centrados em posição mais baixa e sob as saídas de ar. O Uno contava, também, com um limpa para-brisas em posição central, único e eficaz, que dispunha de função de intermitência e várias velocidades.