O ano de 2023 vai ficar marcado por várias greves, levadas a cabo por profissionais de diferentes áreas, entre elas a classe médica.
Num balanço do ano que está prestes a terminar, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), destaca um 2023 de "grande intensidade para a comunidade médica", com uma "luta" que começou no início do ano quando, com a primeira greve, realizada em março, "perante o bloqueio do processo negocial (...) desenvolvemos ações até ao fim do ano, na defesa da nossa profissão e do Serviço Nacional de Saúde (SNS)", começam por frisar em comunicado.
Seguiram-se outros momentos de greve, "que se multiplicaram no verão, com destaque para a que decorreu durante as Jornadas Mundiais da Juventude, em agosto, às que se seguiram outras em outubro e em novembro, para demonstrar a união dos médicos na luta por salários justos e condições de trabalho dignas no SNS, para conseguirem equilibrar a vida profissional com a pessoal e familiar".
No final de maio, a classe médica dava conta da "indisponibilidade em realizar mais do que o limite legal das 150 horas suplementares anuais, de que dependem em larga escala os serviços de urgência de Norte a Sul do país".
No comunicado enviado às redações esta sexta-feira, 29 de dezembro, a Comissão Executiva da FNAM dá conta de várias atividades realizadas nos últimos meses: "percorreu o país numa caravana que iniciou com a flashmob num simpósio da Organização Mundial da Saúde, no Porto, e passou por cerca de três dezenas de unidades de saúde do SNS, onde demos conta das condições de trabalho cada vez mais degradadas dos médicos".
Espaço, ainda, para a organização das Jornadas Ibéricas, que contaram com a presença da Confederación Estatal de Sindicatos Médicos (CESM).
Com todas estas ações realizadas, a FNAM acredita que "a população passou a perceber que os médicos trabalham, em média, mais quatro meses do que a generalidade dos profissionais da saúde e que o resto da administração pública, e que os médicos não aceitam perda de direitos laborais que coloquem em risco a sua segurança, mas acima de tudo, a dos próprios utentes".
Percebeu, também, que "os médicos em Portugal foram a classe profissional que mais poder de compra perdeu na última década, que somos dos médicos mais mal pagos a nível europeu e que a nossa luta não é corporativa, mas sim para parar a sangria de médicos do SNS para a emigração, sector privado e/ou prestação de serviços".
A Comissão Executiva não tem dúvidas que o "ministério da saúde, liderado por Manuel Pizarro, não teve vontade política, nem competência, de firmar um bom acordo com os médicos, capaz de os atrair e fixar no SNS".
Para 2024, fica a garantia de que "todos os médicos podem contar com a FNAM no apoio ao dever de cumprir com a Lei, para não excederem o limite legal anual do trabalho suplementar e para declinarem qualquer responsabilidade sempre que estejam perante condições inadequadas ao exercício da prática clínica", finalizam.