Com o tema “La Llorona”, Fátima Neto, natural de Paredes, seguiu em frente na segunda ronda de Provas Cegas do The Voice Portugal 2024, depois de conquistar Sónia Tavares, mentora de “eleição”.
Com a participação no programa musical televisivo, o objetivo da paredense seria “ganhar claro”, mas, sobretudo, “chegar ao palco, ser vista e ouvida por aquelas pessoas”. Conseguiu e teve a “sorte de conseguir transmitir” tudo o que tem “como artista e tocar ao coração da Sónia. Foi bom ter sentido a magia que eu estava a tentar transmitir e a ovação de pé soube bem. É um palco mítico e uma energia muito especial, sem dúvida”, diz-nos Fátima Neto.
A participação no The Voice surgiu pela vontade de “dar o salto”, porque apesar de “gostar de tocar violoncelo ou piano e cantar”, precisa que o público a conheça. “Desde 2020 que componho muitas canções, infantis, diferentes, mas ninguém me vai contratar se não me conhecer”, pensava a artista.
Estudou “diferentes estratégias e possibilidades” para o conseguir, até que viu o concurso e pensou ‘se calhar agora tenho maturidade suficiente para tentar um concurso destes“. Até então, achava que “não precisava. Entretanto, percebi que o palco do The Voice é, de facto, a montra ideal para me mostrar como artista, violoncelista, cantora e cantautora. tenho a certeza de que me vai abrir portas para o que quero fazer a seguir, subir ao palco a cantar e a tocar violoncelo. Foi essa a grande motivação”, recorda.
Depois da pandemia, Fátima Neto decidiu “que nunca iria voltar a fazer o que fazia antes”
Quando se encontrou como cantora, Fátima Neto percebeu que era algo que a fazia “muito feliz”, mas para o fazer bem “tinha de ter formação”. Decidiu começar a investir, quando estávamos em plena pandemia (COVID-19) e disse para si mesma que “nunca iria voltar a fazer o que fazia antes. Não iria deixar para trás sonhos ou ideias por realizar. Estava em casa e decidi começar a investir profissionalmente. Fui muito bem aceite por tudo e por todos e disse ‘se calhar agora posso investir um bocadinho mais’“.
É o que tem feito, desde então, e um percurso que a levou até ao palco do The Voice. Aos 44 anos tem “vários” sonhos a concretizar, mas “gravar um disco” está no topo da lista, “sem dúvida. Tenho muitas músicas para gravar e quero mesmo essa oportunidade de poder colocar cá fora muitas das coisas que tenho em gaveta“, garante a violoncelista.
O The Voice foi o primeiro concurso em que participou e confessa que escolheu “muito bem” o programa. Foi sem preconceitos e sem pensar se aos 44 anos lhe seriam dadas as mesmas oportunidades. “Não pensei nisso. É o único concurso que não tem limite de idade. Há muitos talentos que estão escondidos e a idade não é um fator negativo, pelo contrário. Acho que, muitas das vezes, os concorrentes deixam de ganhar e aproveitar pela imaturidade. Eu tenho essa maturidade agora. Se calhar há dez anos não iria fazer uma boa figura como fiz agora. Hoje, sei como me preparar, porque a maturidade está em sabermos o quão exigente é estar em cima do palco e o que temos de fazer para chegar lá e dar sempre o nosso melhor, sem nos deixarmos levar pelas câmaras, luzes, pelo espetáculo que é um programa de televisão”.
A pandemia foi um “bom” momento para Fátima Neto “refletir” e perceber que não se pode esconder “atrás de um preconceito e julgamento do outro. Uma mulher depois dos 40 arrisca tudo, tem de arriscar. Neste momento, não tenho nada a perder, só tenho a ganhar. Eu quis saber até onde ia … toda a gente à minha volta me dizia para ir, mas eram amigos. Mas quando começam a ser pessoas de fora, que não te conhecem e te ouvem a cantar e dizem para investir mais ficamos a pensar. Arrisquei e tenho a certeza de que idade só me traz coisas a favor”.
A terminar a entrevista, a artista paredense garante que “é importante” terminar o programa e estar pronta para “aproveitar todas as oportunidades que possam surgir. Estou preparada para entrar em palco. É terminar isto e vão ver a Fatinha pelo mundo, espero eu”, diz com orgulho.