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Atualmente, o município de Marco de Canaveses tem cinco equipas de Walking Football, um projeto de parceria entre a Federação Portuguesa de Futebol e a Associação futebol do Porto, que surgiu “da necessidade de desenvolver programas de atividade física inovadores para o controlo da diabetes tipo 2. Apesar da atividade física ser recomendada como parte do tratamento da diabetes, a maioria das pessoas com esta doença crónica não são suficientemente ativas. Para além de seguras e clinicamente efetivas, as estratégias de exercício físico têm de ser divertidas”, explica Ana Barbosa.

A marcoense, natural de Vila Boa de Quires, apresentou no dia 12 de junho a prova de doutoramento em Saúde Pública – “Walking Football for type 2 diabetes patients: a novel strategy for developing physical activity programs”, no âmbito da parceria entre a Faculdade de Medicina e o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (FMUP – ISPUP) e a Federação Portuguesa de Futebol.

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Em entrevista ao Jornal A VERDADE, a enfermeira e investigadora Ana Barbosa afirma que “há vários anos e em vários países” que a equipa de trabalho tem vindo a acompanhar a evolução do Walking Football, identificando “resultados muito promissores no controlo de alguns fatores de risco cardiovascular”.

Em 2018, o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e a Federação Portuguesa de Futebol fizeram uma candidatura a uma bolsa científica da FIFA para explorar a aplicabilidade e a segurança da modalidade em pessoas com diabetes tipo 2 – SWEET-Football – (SWEET: Safe, Wholesome and Effective Exercise Training).

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“No projeto científico verificámos que o Walking Football é uma modalidade fácil de implementar, tem baixo custo, tem elevada adesão dos seus participantes, é seguro, e é muito divertido. Estes ‘benefícios’ são, em grande parte, devido à supervisão por profissionais do exercício físico, mas também por profissionais de saúde“.

Neste projeto, de acordo com a investigadora marcoense, todas as sessões foram acompanhadas por um treinador de futebol credenciado e por um enfermeiro, “como se de uma verdadeira equipa desportiva se tratasse. Muito importante também foi observar as relações que se criaram entre os participantes. Muitos estavam sozinhos em casa e passaram a ter uma rede de amigos com quem podem socializar e procurar apoio, dentro e fora de campo“.

Neste momento, a Federação Portuguesa de Futebol está a trabalhar na divulgação da modalidade e, atualmente, em Portugal, o Walking Football já é praticado por quase mil e quinhentas pessoas, “fruto dos estudos científicos que foram realizados no meu doutoramento e de um outro que será concluído em breve. A modalidade está em franca expansão, devido a uma campanha de promoção e do investimento da FPF. Nos próximos meses, e anos, é expectável que seja uma modalidade conhecida por todos, inclusive pelos profissionais de saúde que, mais facilmente, poderão encaminhar os seus utentes para o centro de prática mais próximo”, sublinha.

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A paixão pela investigação surgiu quando a enfermeira de 32 anos iniciou o mestrado na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, altura em que teve contacto “com diversas áreas de investigação na saúde que não tinha tido antes” e que lhe “despertaram o interesse”.

Por outro lado, o facto de ter tido professores “de excelência” no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, fez com que “essa realidade se aproximasse. No final do primeiro ano do mestrado, integrei uma equipa multidisciplinar que estava a trabalhar num projeto no IPO-Porto com sobreviventes de cancro da mama. Nessa altura, percebi o fascínio de ligar os dois mundos, a investigação e a saúde“, recorda.

Ana Barbosa é licenciada em Enfermagem, com posterior especialização em Enfermagem Comunitária. Realizou o mestrado em Educação para a Saúde e, recentemente, concluiu o doutoramento em Saúde Pública pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Atualmente, trabalha como investigadora na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto na área da economia para a saúde, e na Portugal Football School da Federação Portuguesa de Futebol.

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Depois deste projeto, a investigadora espera “poder continuar a contribuir para esta área e investigar a fundo os benefícios económicos que teremos pelo facto de diminuirmos a inatividade física na população, quer ao nível dos serviços de saúde, quer ao nível individual e familiar. Se por um lado já sabemos de outros estudos que há benefícios em quebrar a inatividade física, em relação ao Walking Football ainda não está estudado”, esclarece.

Para já fica a certeza de que como enfermeira e investigadora é “realmente recompensador perceber que com um projeto de investigação, que mostrou benefícios e depois passou a ser um projeto comunitário, pode melhorar, em muito. a saúde e qualidade de vida das pessoas. É esta a magia da saúde pública, trabalhar alguns determinantes que afetam a saúde da população, e não apenas o senhor António ou o senhor José, que eu também já tratei quando exerci enfermagem na Unidade Local de Saúde de Matosinhos. Mas, de facto, na saúde pública trabalhamos para muitos ao mesmo tempo”, frisa Ana Barbosa.

O projeto português já ultrapassou fronteiras e, recentemente, a Organização Mundial da Saúde e a Comissão Europeia solicitaram a apresentação do mesmo como exemplo de sucesso na promoção da atividade física.