marco ferreira
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Uma família, da União de Freguesias de Sobrado e Bairros, no concelho de Castelo de Paiva, teve que passar pela “dor” de sepultar um ente querido duas vezes, no espaço de uma semana. Esta situação deveu-se a um “erro da junta de freguesia”, segundo contou ao Jornal A VERDADE a irmã de Marco Ferreira, de 37 anos, que faleceu no dia 28 de janeiro.

Joana Ferreira é a voz da família enlutada, que explica que o irmão faleceu na sequência de um acidente de trabalho. “Ao fim de algumas semanas internado acabou por falecer. No domingo de manhã, entramos em contacto com o presidente da junta de freguesia, para informar que o meu irmão tinha falecido e que queríamos que ele regressasse à terra Natal, e que fosse sepultado lá”, começou por explicar.

De acordo com a jovem, “desde o início que a coisa foi um pouco complicada, porque demos logo a saber ao presidente que queríamos comprar a campa, futuramente, queríamos que ficasse para o meu irmão e houve sempre muita resistência em dar-nos uma campa para comprar, não sei quais os motivos. O meu irmão morreu num domingo e foi enterrado na quarta-feira seguinte. Não foi uma coisa de um dia para o outro”, constatou.

Joana Ferreira relata que, no dia do funeral, a família ficou surpreendida porque a campa onde Marco Ferreira ia ser sepultado “tinha uma pedra, uma floreira e também um livro”. Chegaram a alertar para esse facto, mas foi-lhes dito “que não havia problema nenhum, que era uma campa que estava vazia. Nos registos da junta não aparece como comprada, ou seja não havia registos nenhuns, continuava em nome da junta”, descreveu.

No fim de semana seguinte ao funeral, “começaram os boatos” de que a campa onde o irmão de Joana tinha sido sepultado pertencia a outra família. “Dirigimo-nos à junta para perceber se era verdade e disseram-nos que sim, que realmente tinha havido um erro, que a família que tinha a campa apresentou-se na junta com os recibos e a escritura e que queriam que retirassem de lá o meu irmão. Aquela campa pertencia a uma família que a quis de volta, com todo o direito e nunca colocamos isso em causa”, apontou.

Joana entrou em contacto com o presidente de junta e “disse que não achava justo termos de saber esta situação por pessoas de fora, não ter havido uma palavra dele e ele tratou a situação com total desprezo”, acusou.

Passado uma semana, a família voltou a passar pela dor de enterrar o ente querido. “Inicialmente disse que a transladação ia ser feita de noite, porque as pessoas iam ver, ia causar muito burburinho e que podiam chamar a GNR. Ao que nós nunca na vida íamos aceitar, então foi feito de dia”, afirmando que pedem “apenas um pedido de desculpa. Nunca houve uma palavra, um pedido de desculpa nem o assumir do erro. A nossa revolta é essa”.

A mãe de Marco e de Joana está “muito abalada” com toda esta situação. “Enterrar um filho já é péssimo, enterrar o mesmo filho duas vezes é muito pior, ainda para mais ver a situação ser tratada com desprezo. Só queremos que as pessoas saibam para que isto não aconteça com outras pessoas. Queremos que se mudem mentalidades e também que se altere a forma como se trata o luto”, finalizou.

Atualmente, a família ainda se encontra a decidir se vão avançar com uma ação judicial. 

O Jornal A VERDADE tentou contactar a Junta de Freguesia de Sobrado e Bairros, contudo, até ao momento, não obteve resposta.