O conflito entre a Rússia e a Ucrânia parou o mundo. A invasão das tropas russas ao território ucraniano tem preenchido os noticiários e são várias as opiniões relativamente aos próximos passos: haverá resultado positivo das negociações para acabar com o conflito? Será que a Rússia vai ficar apenas pela Ucrânia? A realidade é que a incerteza é uma constante e o medo faz-se presente. As conversas “de café” são quase todas sobre esta situação e a pergunta é: “será que vai mesmo haver a terceira Guerra Mundial?” e “Será que Portugal também será implicado?”.
Como forma de perceber um pouco mais sobre qual o papel de Portugal, e do exército português, nesta situação, o Jornal A VERDADE entrevistou um casal de ex-militares, Cristina Almeida e Nuno Cardoso, de Marco de Canaveses. Conheceram-se no exército e os dois filhos nasceram durante o tempo militar, passado na serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia. “Foi uma experiência muito gratificante e enriquecedora. Voltava a repetir”, garantiu Nuno, sendo que Cristina partilha da mesma opinião.
A situação vivida nos países de leste é, de acordo com o casal, “preocupante”, uma vez que ambos se encontram na lista de reserva do exército. “Já há algumas indicações do ministro da Defesa, a dizer que possivelmente irá chamar alguém, o que é sempre preocupante. Não será para estar na linha da frente, mas para dar apoio logístico, na reparação de viaturas, entre outros serviços. Operacional em termos táticos terá de ser quem está nas fileiras, porque estamos fora de treinamento, teríamos de reviver tudo novamente”, referiu Nuno Cardoso.
Questionados se iam caso fossem chamados, o casal tem opiniões diferentes: enquanto que Nuno afirma que “se for preciso vou”, Cristina encontra-se mais reticente. “Tenho os meus filhos. O facto de irmos os dois deixa-me com o coração nas mãos, porque teria de os deixar sozinhos. Acho que não ia”, disse.
Nuno Cardoso está “por dentro” das missões realizadas pelo exército. Em 2001 participou numa “missão de manutenção de paz” realizada na Bósnia e Herzegovina. “Mesmo estando em manutenção de paz, é assustador. Imagino quem está lá para os matar. Estou convencido que este conflito não chegará a Portugal, e mesmo os nossos militares, indo para fora, não será para a linha de combate, mas é sempre preocupante, porque depois de lá estar, o perigo está em todo o lado”, concluiu