Um estudo publicado quarta-feira, dia 16 de fevereiro, pela revista científica British Medical Journal (BMJ) indica que as pessoas que recuperaram da COVID-19 têm uma probabilidade "significativamente maior" (60%) de sofrer de problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão.
Em geral, o estudo indica que aqueles que passaram pela COVID-19 tinham 60% mais hipóteses de sofrer de problemas de saúde mental do que os que não foram infetados. Os transtornos abrangem ansiedade, depressão e intenção suicida, bem como alteração por utilização de opióides, drogas e álcool, sono e distúrbios cognitivos.
Os dados indicam que, em comparação com grupos de controlo sem qualquer infeção, as pessoas que tiveram COVID-19 foram 35% mais "propensas a ter transtornos de ansiedade" e quase 40% mais "propensas a sofrer de depressão ou transtornos relacionados ao humor e ao stress", que podem afetar o comportamento e as emoções. Esta análise coincidiu com um aumento de 55% no uso de antidepressivos e 65% na utilização de benzodiazepinas para a ansiedade.
As pessoas eram também 41% "mais propensas a ter distúrbios do sono, 80% mais propensos a ter aquilo que é conhecido como névoa cerebral (esquecimento, confusão, falta de concentração) e 46% mais propensos a ter pensamentos suicidas", revela ainda o estudo.
O principal autor da investigação, Ziyad Al-Aly, observou que as descobertas "sugerem uma relação específica entre o SARS-Cov-2 e os transtornos mentais", destacando ainda que "ainda não se sabe ao certo a que se deve essa ligação, mas uma das hipóteses é o que o vírus possa penetrar no cérebro e atrapalhar vias celulares e neuronais, o que causa transtornos de saúde mental".
As infeções por COVID-19 "provavelmente contribuíram para mais de 14,8 milhões de novos casos de distúrbios de saúde mental em todo o mundo e 2,8 milhões nos Estados Unidos", referiu Ziyad Al-Aly.
A equipa usou registos de um banco de dados operado pelo maior sistema integrado de saúde dos Estados Unidos e a análise incluiu quase 154 mil pacientes que testaram positivo à COVID-19, entre março de 2020 e janeiro de 2021. Usando métodos estatísticos, os investigadores compararam as informações de saúde desses pacientes com os dados de mais 11 milhões de pessoas que não contraíram a doença, aproximadamente metade no mesmo período de tempo e outra metade num período entre 2018 e 2019, antes de a pandemia.