sala
Publicidade

Um estudo recente do EDULOG da Fundação Belmiro de Azevedo revela que a maioria dos docentes têm doutoramento e formação académica ajustada às unidades curriculares que lecionam, mas um terço não tem formação na área e os perfis académicos estão desajustados relativamente à formação.

O estudo incidiu na análise de 148 cursos que asseguram a Formação Inicial de Professores, de instituições públicas e privadas, acreditados pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES).  Foram considerados para a análise, um total global de 1736 docentes que asseguram o ensino de 2878 unidades curriculares, em que 1260 estão associados a 2040 unidades curriculares de cursos lecionados em instituições de ensino superior público e 476 associados a 838 unidades curriculares de cursos em instituições de ensino superior privadas. A investigação contou com o envolvimento do Centro de Investigação e Intervenção Educativas da Universidade do Porto.

Os resultados da análise demonstram que, no que diz respeito ao perfil académico, profissional e de investigação, “a maioria dos docentes que asseguram a formação inicial dos futuros professores possuem doutoramento e têm formação académica ajustada às unidades curriculares que lecionam”. No entanto, “um terço dos docentes não têm formação na área e os perfis académicos estão desajustados a algumas componentes de formação”.

No que diz respeito às atividades de investigação, o estudo evidencia que “a maioria dos docentes tem ligação a Centros de Investigação, apesar de não existirem referências ao tipo de pertença e participação em projetos”. Contudo, “o volume de publicações de artigos científicos, pelos docentes, é regra geral mais baixo, mas mais expressivo no caso dos docentes do ensino universitário do que no ensino politécnico, tanto no sistema de ensino público como privado”.

Para David Justino, membro do conselho consultivo do EDULOG, “esta investigação deverá servir como ponto de partida para uma reflexão mais alargada sobre a importância da Formação Inicial de Professores”.

O estudo “Perfil académico e profissional de professores do ensino superior que asseguram a Formação Inicial de Professores” tem como objetivo “dar a conhecer o perfil académico e profissional dos docentes que asseguram a formação inicial de professores dos ensinos básico e secundário em Portugal”.

Formação Inicial de Professores precisa de ser reconhecida no contexto académico

O EDULOG propõe a criação de condições de desenvolvimento profissional que lhes permita aprofundar os conhecimentos sobre as práticas do ensino supervisionado, e de envolvimento dos estudantes, em estágio, em atividades de investigação sobre a prática docente.

Para tal, o Conselho Consultivo do EDULOG reforça que as instituições de ensino superior com cursos nesta área de formação devem “envolver os docentes, com um claro investimento na progressão da carreira académica para que possam cumprir este objetivo. Estas instituições de ensino superior devem oferecer condições aos docentes para o envolvimento em projetos relacionados com esta área de ensino, assim como para a produção científica e investigação”.

De acordo com o Conselho Consultivo do EDULOG, é fundamental “estabelecer condições de desenvolvimento profissional que lhes permita aprofundar conhecimentos sobre práticas de ensino supervisionado, ao mesmo tempo que se criam condições de envolvimento dos estudantes, em estágio, em atividades de investigação sobre a prática docente”. Por outro lado, os protocolos de cooperação entre as instituições de ensino superior e as escolas cooperantes devem, também, “ser ampliados a processos institucionais de trabalho coletivo, evitando, assim, o isolamento da relação dos professores cooperantes no seu relacionamento apenas com os estagiários”, conclui.