Sábados, domingos ou feriados. Não há dia em que o presidente da Junta de Freguesia de Frazão Arreigada (Paços de Ferreira), Joaquim Sérgio Gomes, não esteja disponível para a comunidade. Há sete anos que é presidente, e embora não fosse um objetivo seu, sempre esteve “disponível para trabalhar com a comunidade”.
Licenciado em Serviço Social, o frazoense iniciou o primeiro mandato em 2017 e em 2021 viu uma “maioria significativa”. A decisão de assumir o cargo baseou-se na vontade de fazer “algo em prol da freguesia. Sempre tive essa motivação e acho que nunca a vou perder, porque provenho de uma família com esse espírito, humilde, numerosa e sempre disponível”.
“Junção entre Frazão e Arreigada foi um processo imposto, mas que trouxe bastantes aspetos positivos”
A união das freguesias de Frazão e Arreigada, em 2013, não foi uma escolha, no entanto, Joaquim Sérgio considera que foi um processo “pacificamente” aceite e que acabou por trazer “vários aspetos positivos”, não deixando “quezílias” entre as pessoas.
Assim, a freguesia ganhou “um orçamento maior, mais funcionários que conseguem ocorrer a um lado e a outro, e uma maior oferta cultural através de um vasto número de movimentos associativos e culturais”. A par disso, e um dos aspetos que considera mais importantes, é que nenhuma das terras, nem nenhum dos fregueses “perdeu a identidade. Mantivemos as raízes, festividades, comemorações, associações, cultura, entre outros”.
“Estamos num bom caminho para concretizar cerca de 95% das medidas que projetamos”
“Para cada mandato um plano”. É desta forma que o presidente, em conjunto com o executivo, tem olhado para cada mandato e, sensivelmente, a um ano de o terminar, Joaquim Sérgio afirma, convicto, de que cerca de 95% das medidas estão num “bom caminho” para serem concretizadas.
Em vista têm aquelas que consideram as obras “mais emblemáticas” da vila: o auditório Castiça de Frazão e o Parque dos Moinhos, em Arreigada. A par disso, destaca alguns “incentivos não palpáveis, mas que representam algo concreto na vida das pessoas, como é o caso do apoio à natalidade ou o apoio ao ensino superior no primeiro ano de licenciatura”.
“O Auditório Castiça de Frazão é uma obra que muito nos orgulhamos de fazer”
Perante um movimento associativo tão presente, Joaquim Sérgio partilha que a criação de um auditório é “daquelas coisas que já devíamos ter há muito tempo”, mas como se costuma dizer ‘mais vale tarde do que nunca’ e, por isso, é um sonho que será inaugurado a 3 de outubro de 2024, pelas 18h30, na presença da Ministra da Juventude e Modernização, para dar resposta a “uma atividade cultural dinâmica”, dando como exemplo o “grupo de teatro que apresentou sete peças originais em seis anos”.
Junta conseguiu uma “obra emblemática” no Parque dos Moinhos com fundos comunitários
O executivo da junta de freguesia decidiu, igualmente, candidatar-se aos fundos comunitários para realizar uma “obra emblemática” em Arreigada, no Parque dos Moinhos.
Localizado junto ao rio Ferreira, o Parque dos Moinhos é um espaço natural que necessitava de ver os edifícios e o próprio parque reabilitados. Joaquim Sérgio adianta que o local “tem dois moinhos, em que um deles vai começar a funcionar em breve, o outro terá um espelho de água para as crianças poderem ver o percurso da água e, ainda, temos a parte da casa, que terá o forno comunitário, bem como um museu do pão e do moinho. É uma obra emblemática que conseguimos com fundos comunitários, embora não sejam suficientes, são muito importantes”, reiterou.
“Queremos criar o Trilho dos Moinhos”
Esta ideia surgiu com base num trail organizado por uma comissão de festas, que junta cerca de 1300 pessoas. “Nós queremos criar o Trilho dos Moinhos. Queremos potenciar aquilo que começaram, ajudá-los naquilo que eles fazem, porque este trail traz-nos vantagens à freguesia e ao comércio local. Promovem-se cafés, pastelarias, a restauração”, recordando que Frazão Arreigada é conhecido pelo “melhor galo do país, pelo salpicão e pelos paladares paroquiais, uma empresa de cariz social que reaproveitou a antiga queijaria que fechou e onde hoje são fabricados milhares de queijos por ano”, terminando por destacar “as empresas de mobiliário com móveis do melhor que se fabrica no mundo, queremos muito voltar à cultura em que os compradores vinham cá presencialmente e aproveitavam a nossa restauração”.
Movimento associativo é um dos ‘ex-líbris’ da freguesia
Quem chega à freguesia de Frazão Arreigada, encontra uma vila que transpira movimento associativo através de 18 associações distintas. Bombos, columbofilia, três clubes de futebol, ciclismo, teatro… são apenas alguns dos exemplos.
Orgulhosamente falando de todas as pessoas que compõem as associações, Joaquim Sérgio Gomes menciona alguns motivos de “orgulho. A columbofilia cresceu e tem hoje mais associados, temos as artes marciais com mais de 100 atletas, e três clubes de futebol, dois deles com mais de 150 atletas jovens. Há uma envolvência muito grande e um crescimento das associações”, reiterou.
Perante uma sociedade “diferente e mais individualista”, o presidente continua a considerar que a sua comunidade se “envolve muito. O trabalho faz-se com a boa vontade das pessoas, há dinamismo nas próprias pessoas que querem mesmo que a freguesia evolua e cresça e as associações também”.
“Quando precisamos da comunidade basta bater à porta das pessoas e as pessoas estão disponíveis para nos ajudar”.
Joaquim Sérgio Gomes – 2024
Lista das Associações
- Clube Recreativo 3 de Fevereiro
- Grupo Danças e Cantares de São Martinho de Frazão
- Cruz Vermelha de Frazão
- Sociedade Columbófila de Frazão
- Ultimate Dragon
- Escola Karaté Shotokan de Frazão Arreigada
- Associação São Joanina de Frazão
- Associação Motas e Cangalhos
- Grupo de Bombos da Sede
- Associação os Galhofas (Bombos e Motards)
- Centro Cicloturismo de Frazão
- Associação Desportiva e Cultural de Frazão
- Associação Recreativa e Cultural de Moinhos
- Grupo Desportivo Cultural e Recreativo das Escolas de Arreigada
- Oficina de Teatro de Frazão Arreigada – Boca de Cena
- Centro Social e Paroquial de Frazão Arreigada
- Fábrica da Igreja da Paróquia de São Martinho de Frazão
- Fábrica da Igreja da Paróquia de São Pedro de Arreigada
Cruz Vermelha de Frazão está de ‘boa saúde’
Atualmente, Joaquim Sérgio Gomes é também o presidente da Cruz Vermelha de Frazão, uma instituição que está de ‘boa saúde’, mas que já passou por “momentos muito difíceis, sobretudo, em termos financeiros”.
O “frazoense” tem boas memórias da altura em que a cruz vermelha nasceu, há 31 anos. Embora não se tenha envolvido desde o primeiro dia, viu os irmãos e toda a comunidade vizinha envolvida no projeto, considerando que mesmo assim “viveu o início da Cruz Vermelha em Frazão”.
Tempos mais tarde, começou por frequentar a instituição e a contactar com os voluntários, até que por iniciativa própria tornou-se cada vez mais participativo. “Em 2006 comecei a colaborar com o grupo de jovens em que o objetivo era que viessem a ser socorristas, mais tarde, o presidente da altura quis criar na Cruz Vermelha pelouros, um diretor para cada pelouro, como era licenciado em Serviço Social chamou-me e foi assim que entrei nos órgãos sociais”, recorda. Já o ano de 2016 é relembrado pela “situação difícil em que nos encontrávamos. Estava numa fase de quase afastamento total, mas acharam que o papel de presidente devia ser meu e acabei por arranjar um grupo de colegas e propusemo-nos a reerguer a Cruz Vermelha”… e assim foi.
Hoje em dia, a instituição consegue “sustentar-se”, contabilizando cerca de 13 funcionários, um número maior de voluntários e mais viaturas que fazem, diariamente, cerca de 5000 quilómetros em transporte de doentes não urgentes e urgentes. Embora seja presidente desta instituição, Joaquim Sérgio garante que vê “todas as associações da mesma forma”.
Ao seu lado tem quatro pessoas, o senhor José Maximino, tesoureiro, de Arreigada, a secretária Sandra Pinto, de Frazão, os vogais Abílio Neves de Frazão e Sara Ribeiro de Arreigada. Juntos têm feito aquilo que conseguem sem “inventar, deixar dívidas ou dar um passo maior do que aquilo que conseguimos. Fazemos uma maratona e o mandato é avaliado no fim”, reforçou.
Joaquim Sérgio Gomes pode ser considerado ‘um homem da freguesia’, enquanto presidente de junta, de alguma associação, ou apenas como cidadão, tem a certeza de que o espírito solidário e a paixão pela terra estão “enraizados” em si e que irá continuar a ajudar, independentemente do cargo e do que o futuro lhe reserve.
