Nos corredores da Universidade Católica do Porto é uma das novas alunas do curso de direito, mas na terra Natal - Marco de Canaveses - é a conhecida Francisca Monteiro da banda Toka e Dança. Um projeto familiar, que em 2017 começou a pisar vários palcos de Norte a Sul do país.
A música é uma das paixões da marcoense que, "motivada e focada", nunca deixou de parte o "gosto pelo conhecimento", tendo entrado no curso ambicionado com bolsa de mérito. Um ensino "muito diferente" é assim que descreve os primeiros passos no mundo universitário. "O primeiro grande impacto foi a postura e a abordagem dos professores, que é completamente diferente. A exigência nem se fala, mas a maior dificuldade que tive foi a adaptação ao ambiente. Então, nos primeiros tempos a integração pode ser um pouco mais difícil". Dificuldades à parte, Francisca sabe que "o mais importante" é estar "recetiva" a novas amizades e a "perceber que são pessoas com gostos diferentes, mas que estão ali todas para o mesmo".

A jovem é já um rosto reconhecido de muitos portugueses, mas o que poucos sabem é que a marcoense ambicionava seguir o mundo da advocacia. "É uma área pela qual sempre tive interesse. Para além da grande paixão que tenho pela música, também sempre fui interessada pelo conhecimento. E, agora que estou em direito, sinto que é a minha praia e que é o meu mundo. Gosto de interpretar, escrever, portanto não há curso melhor, tão completo e que nos dá uma visão da realidade muito mais abrangente", garante.
Mas como será conciliar a vida de artista com o percurso escolar? Para Francisca Monteiro o segredo está na "organização" e na "gestão do tempo. Na música é tudo muito imprevisível, então temos de nos organizar tendo como premissa a imprevisibilidade. Eu costumava estudar sempre que tivesse oportunidade, como antes dos concertos ou no aeroporto quando íamos para fora. Não vou mentir, é preciso ter uma grande força de vontade, porque há momentos em que não nos apetece estudar e é complicado deixarmos de ter tempos livres e sacrificarmo-nos em prol de uma nota, mas no final vale sempre a pena".
Os pais vão dar-nos a motivação que precisamos
O compromisso pelo "sucesso escolar" é, também, acompanhado pela família. Como nos diz a artista, "tudo isto só é possível, porque há um acompanhamento familiar. Os pais vão dar-nos a motivação que precisamos. Eles não vão estudar por nós, mas existe um acompanhamento e isso ajuda-nos a organizar da melhor forma. O nosso pai trata da agenda e tem sempre o cuidado de não marcar concertos que vão influenciar as aulas ou a marcação de testes. Mas pode acontecer como no ano passado, em que tivemos uma tourné nos EUA, estive fora uma semana, mas fiz o esforço para acompanhar as aulas via online, apesar da diferença do fuso horário. O mais importante é as pessoas se organizarem, E vejo isso agora na universidade, porque o volume de matéria é algo astronómico".
E se até hoje a organização foi um dos pilares na vida de Francisca Monteiro, com a entrada na universidade assumiu-se o principal. "É assustador pensar que agora a dificuldade é muito superior, a exigência é muito diferente do que estávamos habituados, mas eu penso 'se os outros conseguem, eu também hei-de conseguir'. A minha grande vantagem é que sou extremamente motivada e focada. quando traço um objetivo eu tenho de fazer de tudo para o conseguir concretizar", garante.

Desafios que não abalam esta jovem marcoense que acredita que "termos vários planos para o futuro é que nos torna pessoas interessantes e intelectualmente mais abertas". O "grande objetivo" é conseguir conciliar as duas áreas, mas "não sendo possível, posso seguir uma delas. O único erro é seguirmos o desleixo e a pior atitude que podemos ter é não nos querermos interessar pelo nosso não conhecimento. e não querer perceber porque não gostamos de nada", alerta.
Seja qual for o caminho garante que "a música tem uma capacidade transformadora e é um prazer enorme fazer música e influenciar os outros. Criar felicidade nos outros é muito importante".
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