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Endoenças voltam a realizar-se com mensagem de "esperança e positividade"

Redação

As margens dos rios Tâmega e Douro vão voltar a receber, nos dias 14 e 15 de abril, a Celebração das Endoenças. Depois de dois anos de paragem, provocados pela pandemia da COVID-19, a tradição secular regressa com "uma mensagem especial", recheada de "esperança e positividade".

Este é um ritual que se realiza há mais de três séculos, ligando as duas margens do troço final do Tâmega, na confluência com o Douro, entre o Torrão (Marco de Canaveses) e Entre-os-Rios (Penafiel), num percurso que inclui a Ponte Duarte Pacheco. Todo o percurso é iluminado com milhares de tigelinhas, que indicam o caminho realizado por Jesus Cristo até ao Calvário.

O padre Cláudio Silva, pároco das paróquias envolvidas na organização desta celebração, explicou que foi realizada uma reunião "para convocar as pessoas que normalmente fazem parte do grupo da organização", para perceber "a disponibilidade e quais as linhas a seguir". A partir deste momento, este grupo "andou de porta em porta, junto daqueles que são chamados de mordomos, para perceber a disponibilidade e se era possível arranjar pessoas para a realização do evento".

Rapidamente foi criado um grupo de pessoas, que "queria ver o regresso desta tradição" e foi dado início à organização. "O que noto e o que escuto das pessoas é que estão muito ansiosas. Esta tradição já faz parte das pessoas, não só de quem habita nestas terras, mas também de quem vem, de propósito, para participar, faz parte da sua fé, das suas crenças e, por isso, há alguma ansiedade nesse sentido", sublinhou .

De acordo com o padre Cláudio Silva, a população afirma que "a Páscoa não tem qualquer sentido se não for desta forma. Isto é uma tradição antiga em que, no fim da celebração da Ceia de Jesus, percorremos aquilo que foram os caminhos últimos da paixão e do sofrimento da morte de Jesus. Portanto, é reviver, ao mesmo tempo, aquilo que aconteceu com Jesus", explicou.

O pároco anunciou ainda que haverão "algumas novidades e algumas adaptações" nas celebrações. "Há uma novidade que é a descida e a subida da cruz que será feita em momento de oração. Não será simplesmente tirada para colocar no andor", explicou.

Por volta das 21h00 de quinta-feira, dia 14 de abril, decorre a procissão do Senhor dos Passos em direção à Capela de S. Sebastião, em Entre-os-Rios, onde terá lugar o "Sermão do Encontro" entre Jesus Cristo e Nossa Senhora das Dores. No dia seguinte, pelas 15h00, acontece a Procissão do Enterro do Senhor, que cumpre o percurso inverso, de regresso à Igreja Paroquial de Santa Clara do Torrão, em Marco de Canaveses.

À semelhança de anos anteriores, as Câmaras Municipais de Marco de Canaveses e de Penafiel comparticipam as mais de 50 mil tigelinhas que vão iluminar as margens dos rios Tâmega e Douro durante a celebração das Endoenças, informa um comunicado da autarquia de Penafiel.

Em declarações ao Jornal A VERDADE, Antonino de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Penafiel, afirmou que: "É naturalmente motivo de celebração assistirmos ao regresso das Endoenças nos seus moldes habituais. Apesar de, durante a pandemia, o município de Penafiel ter encontrado sempre uma forma de marcar o momento, sem deixar cair a tradição, é sempre motivo de satisfação ver uma tradição desta natureza voltar em pleno, evidenciando que, aos poucos, estamos a regressar à normalidade pré-pandemia".

Cristina Vieira, presidente da Câmara Municipal de Marco de Canaveses, declarou que: "A Semana Santa é, para nós os cristãos, a semana mais importante do Calendário Litúrgico, pela densidade e intensidade de que se reveste. No nosso concelho, a Procissão das Endoenças, na Quinta-Feira Santa, tornou-se uma referência clara no âmbito da promoção das celebrações da Semana Santa".

"Trata-se de um momento alto de religiosidade que acompanha as famílias marcoenses há muitas gerações, que une tradição, sentimento, fé e paixão. Também porque sabemos que é um evento único e com um cenário deslumbrante com mais de 50 mil velas a iluminar as freguesias das margens do Tâmega", acrescentou, referindo que a câmara municipal "reconhece e valoriza a importância deste momento no contexto do turismo religioso e numa ótica de promoção e valorização do concelho".

"Assim, dois anos depois da interrupção, por força da pandemia que nos assolou, voltamos a associar-nos à comemoração das Endoenças para mantermos viva a tradição e manteremos vivo o espírito de união e alegria tão característicos desta época", concluiu.