ema assuncao pereira
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Para além de ser uma “paixão”, a escrita é também um “refúgio” para Ema Assunção Pereira. A viver em Paços de Ferreira, a jovem de 30 anos é licenciada em Ciências da Comunicação e mestre em Marketing, tem duas pós-graduações, em Marketing Digital e em Direito do Trabalho e da Segurança Social. Do seu currículo fazem também parte formações em protocolo, storytelling, liderança, comunicação positiva.

Hoje, afirma não se sentir bem-sucedida, mas sim ”realizada”. E se, atualmente, apresenta “excelentes resultados e uma forte e sólida evolução formativa e pessoal”, garante que “nem sempre foi assim”. Numa ‘viagem’ ao passado recorda o percurso escolar, que não foi pautado por “notas brilhantes”, mas foi recheado de muitas leituras. “Sempre li muito, sempre consumi bastante cultura, mas não era de todo a típica aluna de 20 que adorava estudar”

Passados estes anos, reconhece que lhe faltava “a definição de uma área” que a “apaixonasse”, assim como um método. “Apesar de ter tido sempre uma fantástica retaguarda familiar, acho mesmo que tentaram fazer de mim uma pessoa perfeita à imagem da sociedade, com aulas de piano, ballet e todas as atividades possíveis. No entanto, eu sempre tive uma personalidade muito forte e fui fazendo as minhas escolhas e excluindo o que não me acrescentava”, conta.

Quando questionada sobre as dificuldades vividas enquanto criança, da família e docentes sentiu “muito apoio”, o mesmo não aconteceu com os colegas. “Em criança nem sempre foi fácil, eu era muito introvertida e solitária, ao contrário de agora e, por esse motivo, sentia-me bem no meu espaço”.

Mais tarde, a primeira escolha na entrada para a faculdade foi Direito, curso que abandonou ao fim do segundo ano, trocando “as leis pela emoção da comunicação”, onde encontrou a “verdadeira paixão e missão. Os meus pais sempre quiseram que eu fosse, essencialmente, feliz. Na altura, a decisão e vontade foram unânimes, mas eu nunca me senti totalmente realizada. Quando comuniquei que queria seguir Comunicação, o apoio foi incondicional. Hoje em dia, tanto os meus pais como todos os pais em geral, sabem que o mercado está constantemente em mudança e que nem tudo tem que ser tipicamente tradicional, mas que só singra na carreira, quem trabalha verdadeiramente com paixão pelo que faz”, sublinha.

ema

Atualmente, Ema é Doutoranda em Médias Digitais (ramo de Indústrias, Públicos e Mercados) e projeto de investigação foca-se no estudo do uso e recurso a tecnologias imersivas (Realidade Aumentada) para despertar o interesse do(s) público(s) pela preservação de sítios patrimoniais, como é o caso da Citânia de Sanfins, em Paços de Ferreira.

“Em março de 2022, no dia a seguir ao meu aniversário, recebi a notícia de que entrei no doutoramento, e que tinha ficado em segundo lugar, na primeira fase. Fiquei absolutamente feliz e contei aos meus pais. Ainda hoje me recordo da resposta do meu pai: ‘ok, e depois? Se te faz feliz, fico feliz por ti. Mas quero que saibas que já tenho orgulho em ti, independentemente de fazeres ou não um doutoramento e que para mim isso é secundário’. Foi nesse dia que entendi que nada do que faço é pelos outros, mas por mim. E quando deixei de me preocupar em impressionar, entendi que a felicidade está, de facto, no caminho e não no fim, está mais presente em experiências do que em coisas”.

A paixão pela escrita não abandona Ema Assunção Pereira que, pontualmente, escreve, para o Observador, sobre temas de liderança, comportamento e relações interpessoais. Um dos seus últimos artigos, dedicado à “importância de ser boa pessoa antes de se ser bom profissional”, viralizou nas redes sociais e quando questionada sobre o motivo diz “não haver segredo. Simplesmente escrevi com o coração, e deixei de lado a teoria e a preocupação do feedback que o artigo ia ter. Quando pensei em escrever com total emoção, sinto que toquei no coração das pessoas, ao mexer num assunto do qual muito se fala, mas pouco se pratica. Além disso, escrevi de forma simples e acessível a todos”.

“Nunca se esqueçam da vossa vida pessoal e social, cuidem do vosso corpo e mente mas também do bem-estar daqueles que estão sempre ao vosso lado”

Para além de doutoranda, é também Técnica Superior de Comunicação no município de Paços de Ferreira. Mas a ambição não tem medida e a jovem de Paços de Ferreira encontra-se a escrever a biografia do pai, Arménio Assunção Pereira, uma obra com previsão de lançamento para o final de 2023. “O meu pai foi presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira no período entre 1985-2004, pelo Partido Social Democrata. Autarca do ano em 2004, foi conselheiro de Durão Barroso, e é conhecido como o Pai da Capital do Móvel, por ter sido o seu fundador. Foi pioneiro em Marketing Territorial em Portugal e marcou várias gerações pela sua humildade e forma de liderar, próxima das pessoas e com empatia. Mais tarde, quando abdica do mandato, em 2004, para dar “lugar” ao seu vice-presidente, Pedro Pinto, termina o seu percurso profissional, nas Águas do Douro e Paiva, SA., como Administrador“.

Os projetos são vários, entre elas a partilha da sua experiência pessoal e profissional. “Leiam muito, viagem muito, façam exercício físico, tenham uma alimentação saudável, durmam bem, encontrem um hobbie que amem, foquem-se numa área de atuação e de especialização e invistam na consolidação e atualização contínua dos vossos conhecimentos. Mas nunca se esqueçam da vossa vida pessoal e social, cuidem do vosso corpo e mente mas também do bem-estar daqueles que estão sempre ao vosso lado”, são estes os conselhos que deixa a todos os leitores.

Ema Assunção Pereira alerta ainda para o papel da mulher, nomeadamente no município de Paços de Ferreira. “Trabalho num município do qual me orgulho em todos os sentidos. Na Câmara Municipal de Paços de Ferreira cerca de 60% dos funcionários com funções administrativas são mulheres e 70% ocupam lugares de chefia, além de já haver muitas mulheres em funções políticas no nosso concelho. Isso é fantástico”, frisa.

Como nos revela, o município “trabalha sempre no sentido da promoção e partilha de melhores práticas laborais, sendo que, em 2021 foi distinguido com a Marca Entidade Empregadora Inclusiva 2021”.

No entanto, reconhece que “há ainda um caminho a percorrer na igualdade de género para que todas as pessoas (mulheres e homens) tenham o mesmo acesso ao mercado de trabalho, justamente remunerado em função da atividade que exercem”.