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Em Portugal ou em Moçambique, Hélder Duarte quer ser treinador "todos os dias da vida"

Redação

A história de Hélder Duarte no mundo do futebol teve início ainda em criança. Sentado numa vespa com o seu vizinho, que o levava de Mouriz até Paredes, o jovem Hélder começava a criar as primeiras memórias, aos domingos à tarde, nos jogos de futebol. Aos nove anos ingressava no Paredes, onde se manteve até aos 18, enquanto jogador.

"Sempre tive essa paixão, o meu vizinho da frente era sócio e adepto do União Sport de Paredes e desde pequenino que comecei a ir ao futebol com ele na vespa, eu ia à frente e ele segurava-me com as pernas, tenho algumas recordações de ir ao Estádio das Laranjeiras", começa por contar em entrevista ao Jornal A VERDADE.

Hélder Duarte começou o percurso habitual de um jogador, mas com o passar dos anos as oportunidades foram surgindo, acompanhadas pelo "esforço" e "talento" do paredense. Em 2018, aos 36 anos, Hélder Duarte "agarrou uma oportunidade" e lançou-se para Moçambique onde acabou por se sagrar duas vezes campeão na pele de treinador.

"Já não é a primeira vez que sou campeão moçambicano, vim para Moçambique em 2018 e iniciei um projeto em parecia entre um clube e o Futebol Clube do Porto. O clube estava a iniciar, começou do zero, não tinha sede, e, neste momento, é um dos maiores clubes de Moçambique. Fui campeão em 2021 pela BlackBulls e em 2023 pelo Ferroviário da Beira", partilha.

Hélder Duarte acabou por se ausentar de Moçambique em 2022 quando regressou a Portugal para ser treinador adjunto na Primeira Divisão portuguesa, no Famalicão. Um ano mais tarde, a vida voltou a dar uma volta, e o treinador regressou a terras moçambicanas, mas desta vez para um novo clube, praticamente centenário. "É completamente diferente, representa uma província inteira, a zona de Sofala, tem cerca de oito a dez mil pessoas no estádio. Um clube antigo, mas que tinha vencido o campeonato somente uma vez, esta conquista deixou-me muito feliz. Este clube merecia este título pela forma como me recebeu e me tratou".

Ensinar a arte do futebol esteve sempre no pensamento de Hélder Duarte. Num primeiro momento, o objetivo era ser professor de educação física, para isso licenciou-se e veio, mais tarde, a tirar um mestrado. No entanto, as primeiras oportunidades surgiram aos 19 anos e Hélder Duarte seguiu, de forma natural, a vertente de treinador. "Sempre gostei de ensinar, decidi que queria ser professor de educação física pela forma como os professores sempre me cativaram e me conseguiram moldar".

A estatura de Hélder Duarte influenciou também a tomada de decisão. "Era guarda-redes e sabia que não ia atingir um nível muito alto a nível de futebol devido à minha estatura. Abdiquei do meu sonho de jogar, mas continuei ligado ao futebol e optei pela parte do treino. Queria ensinar e estar ligado à escola. Era juntar o útil ao agradável", conta.

No último ano de faculdade, Hélder Duarte recebeu um convite por parte de Fernando Valente para ser treinador-adjunto no Lousada. "Aqui tive a primeira experiência como 'treinador profissional' e percebi que era mesmo isto que eu queria para a minha vida. Depois disso tive um interregno e acabei por entrar para os quadros do Futebol Clube do Porto, após um convite do Vítor Moreira, membro da equipa técnica".

Tempos mais tarde, Vítor Moreira foi também o responsável por "lançar o repto" para um novo projeto, desta vez, em Moçambique. "Devo-lhe muito daquilo que são estes títulos, costumo dizer que metade é dele. As oportunidades são para agarrar e eu agarrei-as e não o quis desiludir na aposta que ele fez".

Se pudesse ter a sua família perto de si Moçambique seria ainda mais "fantástico. Nunca senti insegurança, as pessoas são amáveis e simpáticas, faço caminhadas todos os dias sem qualquer tipo de problema, as pessoas respeitam-me, a temperatura é agradável, boa comida, boas frutas, mar, praia, a única dificuldade é estar longe dos meus filhos, irmã e pais. Falo com eles todos os dias, sempre que posso vou a Portugal e eles também já estiveram cá comigo, mas é difícil e a parte negativa de estar cá".

Martim, o filho mais velho, já segue os passos do pai e tem "ganho estabilidade" no Vitória Guimarães, no entanto, Hélder Duarte garante que "foi totalmente por ele. Apoio-o, mas nunca o motivei para. Foi uma influência natural e positiva".

Embora o sucesso que tem atingido em terras moçambicanas, Hélder Duarte "não pensou duas vezes" quando recebeu um convite de um clube português para treinar na Primeira Divisão e, sobretudo, à beira dos filhos. "É lógico que não pensei duas vezes e regressei, entretanto surgiu o convite aqui novamente".

Com o jogo totalmente em aberto, Hélder Duarte vai regressar a Portugal no dia 30 de novembro para colocar as opções em cima da mesa e decidir o próximo passo na carreira de treinador. O fator que mais pesará na 'balança' é poder voltar a estar perto dos seus filhos.