logo-a-verdade.svg
Notícias
Leitura: 0 min

Eduardo Martins viveu o IPO do Porto na primeira pele e quis levar "alegria" ao Hospital através da música

Redação

José Eduardo Martins, natural de Ancede, concelho de Baião, foi "surpreendido" com um tumor testicular em "estado avançado" após ter realizado diversos exames. Uma dor aguda na zona da lombar acabou por levá-lo para o IPO do Porto, onde passou largos meses e teve a oportunidade de "observar" o ambiente que se vivia neste Hospital.

Deste setembro de 2022 e até junho de 2023 o IPO do Porto foi uma segunda casa para José Eduardo Martins. Em outubro começou por realizar a cirurgia para remoção do tumor e em novembro iniciou ciclos agressivos de quimioterapia.

Ao fim de sete meses, o homem baionense recebeu uma "boa notícia". Apesar do cancro ter sido detetado numa fase avançada, após os tratamento "já não havia respício de malignidade". Neste mês de junho acabou mesmo por remover o cateter central.

José Eduardo descreve-se como um "bom observador". Durante os dias que passava no IPO do Porto ia partilhando nas redes socias a sua perspetiva do Hospital de forma "a amenizar a carga muito pesada associada ao local. Fui explicando e dizendo ao meu jeito que o IPO não é um sítio negativo, muito pelo contrário, é um sítio positivo e carregado de gente boa".

Após os tratamento, Eduardo Martins sentia que a sua missão naquele local ainda não tinha terminado e, através de uma troca de ideias com um amigo, surgiu o desejo de levar "a música ao IPO. Levar um bocadinho daquilo que une as pessoas. Podia fazer a diferença não só nos doentes, mas em quem trabalha lá, nos profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, auxiliares, porque eles vivem numa pressão constante e contra o tempo para salvarem a vida de muitas pessoas".

O objetivo inicial era, com a ajuda de dois amigos músicos, realizar um pequeno concerto no primeiro andar de internamento, onde esteve Eduardo Martins. A verdade é que após apresentar a ideia aos responsáveis do IPO do Porto, ninguém se quis ficar por apenas um andar. Desta forma, surgiu o desafio de levar a música não só a todas as alas de internamento, bem como, ao Hospital de Dia, local onde os utentes passam grande parte do tempo.

David Eusébio e Ruben Lísias Santos, os dois músicos e amigos de José Eduardo Martins, percorreram as alas de internamento e o Centro de Dia ao longo de quase três horas. Em conversa com o Jornal A VERDADE, o mentor da ideia partilha que o "impacto foi extraordinário, não só nos utentes, mas em toda a gente".

Um dia "extraordinário", onde foi possível "ver cabecinhas a sair fora dos quartos. Uma das coisas mais marcantes foi o facto de termos ido ao sexto piso, onde havia doentes que não saiam do quarto porque estavam num estado muito frágil. Os músicos começaram a tocar e eles começaram a sair fora dos quartos e a espreitar para o corredor, houve inclusive duas miúdas, uma com 18 e outra com 25 anos, que desde que iniciaram o internamento nunca tinham saído do quarto para qualquer tipo de atividade e, naquele dia vieram para o corredor juntas e ficaram completamente rendidas".

Após a ação, Eduardo Martins encontrou alguns dos profissionais presentes naquele dia e todos os comentários foram "positivos. Disseram que naquele dia se conseguiu humanizar mais o hospital e isso é extraordinário, o objetivo foi partilhar um bocadinho de carinho e de amor. Retribuir aquilo que foi feito por mim e inspirar outras pessoas a fazer o mesmo sem esperar nada em troca". No fundo, pretendia apenas que "quando as pessoas se recordassem do internamento que aquele dia fosse o primeiro a vir à memória".

Perante um estilo de vida saudável e sem nunca ter tido um diagnóstico destes, José Eduardo Martins relembra que "as pessoas devem estar atentas aos sinais que o corpo emite porque eu era aparentemente uma pessoa super saudável e nunca tinha tido qualquer histórico de doença grave e, de repente, sou diagnosticado com cancro".

"A doença não escolhe idades. Esta doença não discrimina ninguém, ataca toda a gente", realça. No que toca ao tumor testicular destaca, ainda, que "não existe um rastreio do cancro do testículo para os homens, é uma doença muito silenciosa. Já ia numa fase muito avançada, porque não haviam sinais evidentes".

Apesar de um início difícil, tudo terminou bem para José Eduardo Martins que se quis "despedir" do IPO do Porto com uma atitude positiva. "Numa era em que o egoísmo impera, devemos cada vez mais olhar para as pessoas que nos rodeiam de uma forma indiscriminada e termos mais atitudes positivas porque eu acredito que atitudes positivas inspiram atividades positivas", terminou.