"O sonho comanda a vida". É desta forma que Eduarda Vieira, uma jovem natural da freguesia de Bem Viver, Marco de Canaveses, tem encarado a vida. Desde os 12 anos que é apaixonada pelo estilo de vida das assistentes de bordo, em especial da Emirates, a companhia aérea dos Emirados Árabes Unidos. Não tem a certeza se foi o "uniforme, o batom vermelho ou as fotografias que via no Instagram", mas algo fê-la ganhar um "fascínio pela profissão". Cerca de dez anos mais tarde o "sonho" tornou-se realidade.
Em janeiro de 2023, Eduarda Vieira mudou de forma radical o seu dia a dia. Despediu-se da família e com o coração nas mãos partiu para o Dubai, onde vive há oito meses.
Em conversa com o Jornal A VERDADE, a jovem relembra a altura em que tudo começou: "Desde que me lembro que queria ser assistente de bordo, e dizia que queria ser nesta companhia em específico, acho que me fascinava o uniforme ou o batom vermelho que na altura gostava imenso". Os anos foram passando e Eduarda Vieira fez o percurso habitual. Ao concluir o 12.º ano optou por não ir para a Universidade porque sabia exatamente o que queria, apenas restava esperar pelos 21 anos e arriscar no Open Day.
Enquanto aguardava pela idade, não se acomodou e começou por trabalhar numa fábrica e depois num restaurante onde, mais uma vez, ganhou certezas de que estava no caminho certo. "No restaurante percebi o meu gosto pelo atendimento ao público, percebi que gostava de dar dicas a clientes estrangeiros e saber mais sobre o país deles. Acho que foi naquele momento que fiquei totalmente convencida de que queria ser assistente de bordô e, por isso, decidi lutar para entrar onde sempre quis".

Ainda antes disso, Eduarda Vieira já tinha tirado um pequeno curso de assistente de bordô durante um mês e a cada etapa "tudo se alinhava e fazia mais sentido". Com a chegada da pandemia confessa que perdeu "um bocadinho a motivação", mas "não demorou muito a reascender".
21 anos feitos. Eduarda Vieira despediu-se da restauração e concorreu a uma companhia portuguesa ao mesmo tempo que aguardava pelo Open Day da Emirates. Após a entrevista com a sua companhia aérea de eleição, a jovem recebeu, no dia seguinte, a "esperada" Golden Call. "Não continuei o processo na outra companhia e foquei-me na Emirates".
Eduarda Vieira participou no Open em dezembro de 2022, um dia que descreve como "intenso" e que iria ditar se um mês depois a jovem continuava com os pés assentes na terra ou partia para uma aventura no ar. "Eramos cerca de 70 pessoas, o processo começa com um vídeo de introdução como é a vida no Dubai, o que o trabalho nos pode oferecer e depois começam os exames de grupo, são cortadas pessoas em cada atividade. No primeiro cortaram quase metade das pessoas e foram cortando até sermos dez no final no dia". Eduarda Vieira era um dos rostos que continua presente.
Para quem pensa em candidatar-se a Emirates, Eduarda Vieira aconselha a "preparem-se na internet, procurar vídeos sobre o Open Day. Eu preparei-me para a entrevista e sabia mais ou menos o que esperar e correu bem".

No Dubai começou pelos meses de treino e em março partia para o primeiro destino. Até ao momento, Eduarda Vieira já pisou 19 países enquanto hospedeira de bordô da Emirates. "A experiência está a ser incrível, vi sítios que nunca pensei ver em tão pouco tempo. É verdade que não temos rotinas, mas se queremos conhecer o mundo é uma ótima forma. Estamos a trabalhar e somos pagos para isso, claro que enquanto as pessoas estão a descansar nós estamos a trabalhar e requer algum esforço físico, não é fácil, mas vale muito a pena", garante.
Nem tudo é um mar de rosas e como em qualquer profissão existem os seus desafios. Neste momento, o "mais difícil" tem sido "estar longe da família", para além das"noites seguidas sem dormir. É a primeira vez que estou longe da família, mas temos de saber bem o que queremos e perceber que é preciso fazer esse esforço e aguentar".
São vários os dias em que se apresentam ao trabalho à meia noite, mas também sabem que esse "esforço" significa "mais dias de folga e mais descanso". Assim, em cada sítio que aterra, Eduarda Vieira tenta "tornar a experiência o mais positiva. Tento sempre conhecer o sítio ao máximo para fazer o trabalho valer a pena, mesmo que não seja um voo tão fácil, temos de perceber que há sempre alguma coisa boa à nossa espera, seja um monumento que queremos ver, os colegas incríveis com quem vamos passear ou uma experiência gastronómica que vamos viver, no fundo qualquer coisa".
"Fazemos 100 horas por mês e nunca trago trabalho para casa, consigo sair do avião e esqueço como foi o voo, aproveito o sítio e depois só tenho de voltar. Tenho um estilo de vida bom, tenho dias de folga... vejo amigos a trabalhar em escritórios que ficam saturados no final da semana, chegam a sexta-feira e estão super cansados. Não trazer trabalho para casa ou para fora do avião é o melhor sem dúvida", reiterou.

Viver no Dubai é outro desafio que Eduarda Vieira teve de encarar, já que trabalhar nesta companhia aérea implica mudar de país. Um sítio que descreve como "incrível, tem tudo, tem imensos turistas e emigrantes, é o país árabe mais avançado que conheço no que toca a mentalidades e estilo de vida" e, embora não tenha a família por perto, a jovem partilha que criou um grupo de amigos que a faz "sentir o português" mais perto de si.
Em 2024, Eduarda Vieira espera que visitar Portugal se torne mais "acessível", já que existe uma previsão de que a companhia aérea volte a fazer voos diretos para o Porto. "Seria a cereja no topo do bolo poder vir a casa a trabalhar, porque por enquanto só existem voos para Lisboa e isso implica três horas de viagem de carro".
Em oito meses, Eduarda Vieira pisou 19 países e 32 aeroportos e ambiciona completar o único continente que falta, a Oceania.

Lista de países que Eduarda Vieira visitou enquanto hospedeira de bordo da Emirates:
- Itália
- China
- Filipinas
- Vietnam
- Indonésia
- Bangladesh
- Alemanha
- Grécia
- Maurícias
- Marrocos
- Quénia
- Índia
- Irão
- Maldivas
- Arábia Saudita
- Israel
- Estados Unidos da América
- Emirados Árabes Unidos
- Portugal