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Eduarda Pinheiro encerrou ciclo como professora: "sou uma apaixonada pela educação especial"

Redação

Embora Eduarda Pinheiro resida em Amarante, as suas origens vêm da extinta freguesia de Várzea da Ovelha e Aliviada, em Marco de Canaveses, onde nasceu. Dedicada à área da educação durante mais de 40 anos, a professora aposentou-se em junho deste ano, consciente de que se dedicou à causa com "amor".

Eduarda Pinheiro começou por trabalhar com crianças pequeninas que descreve como "impecáveis. Ensinam-nos muito", contudo, foi se apercebendo, que a educação especial "era diferente. Nestas crianças demora muito tempo para eles aprenderem e terem um avanço". Esta paixão cresceu na Cercimarante, a primeira casa que acolheu a marcoense e que acabou por ser "uma das melhores coisas que me aconteceu na vida. Sou uma grande apaixonada pela educação especial".

Em Amarante, a professora conheceu o seu marido, apaixonou-se pela educação especial na Cercimarante e teve dois filhos, no entanto foram precisos largos anos para, finalmente, se fixar na sua nova terra. "O meu pai era ferroviário e veio trabalhar para a Estação de Gatão, aqui conheci o meu marido e apaixonei-me por esta profissão", conta.

O desejo de seguir este caminho era tão grande que Eduarda Pinheiro largou as férias em Espanha para ingressar numa pós-graduação. Depois de completar o curso, avizinhava-se um futuro "trabalhoso. Fui colocada no distrito de Bragança, numa aldeia, depois regressei alguns meses à Cercimarante e depois fui colocada em Mirandela para continuar a trabalhar no oficial, estive quatro anos no distrito de Bragança em diferentes concelhos, depois concorri a Vila Real, onde trabalhei em Mondim de Basto cerca de três anos".

Somente em 1997, como já estava contratada há dez anos, é que a professora pôde "estabilizar a vida profissional e monetária. Fui para a Madeira um ano. Mais tarde, vinculei-me no distrito do Porto e fiquei dividida entre o Marão e Amarante, só depois é que recebi um convite para ficar de vez em Amarante numa unidade de multideficiência. Cheguei a ter quatro/cinco escolas por ano". No último emprego ficou quase 12 anos até se aposentar.

Até se vincular no Porto, Eduarda Pinheiro admite que "ganhava, mas eram muitas despesas. Trabalhava para fazer tempo de serviço, para um dia ter a minha estabilidade financeira".

As crianças com necessidades educativas especiais, em especial as com trissomia 21, despertaram um amor sem fim em Eduarda Pinheiro. "Adorava aqueles miúdos, gostava imenso", no entanto "notava que existia uma falha em mim", isto é, na resposta que conseguia dar a estas crianças. "Precisava de mais conhecimento para esses miúdos e foi isso que me levou a tirar o curso. Verifiquei que me faltavam ferramentas de psicologia e pedagogia".

Aos 68 anos, a professora não conseguiu terminar o vínculo com a educação especial, continuando a exercer funções na direção da Cercimarante, apesar de se ter aposentado.

Embora os largos anos até se estabelecer em Amarante, Eduarda Pinheiro "nunca" pensou em "desistir" da profissão. "Nunca ponderei mudar de área ou emigrar, pelo contrário, a partir do momento em que entrei como docente nunca na vida pensei em mudar de profissão, tinha vontade de aprender mais e mais. Tenho pena de as pessoas estarem desmotivadas na área do ensino...", partilha.

Em retrospetiva, Eduarda Pinheiro destaca que "ainda estamos aquém na educação especial. Não há inclusão na totalidade. Há muito a fazer pela inclusão dessas crianças, mas claro que houve uma melhoria, só há alguns anos é que começamos a ter as crianças com necessidades educativas especiais nas escolas, porque antes estavam fechadas em casa", lamenta. Enquanto professora garante que fez o "melhor. Tentava apoiar as famílias".

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