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Desde muito novo que José Souto já sabia muito bem o que queria ser ‘quando fosse grande’. A medicina era e continua a ser a área na qual ambiciona construir um futuro profissional, mas, aos quatro anos, outra paixão surgiu: a patinagem artística.

Foi com essa idade que começou a patinar, por iniciativa dos pais, juntamente com a irmã, e acabou “por gostar”. Pouco tempo depois, já participava em competições e chegou a ser campeão europeu e mundial. “É muito interessante porque alia a parte técnica, aquilo que é mais técnico e objetivo, à parte mais subjetiva e artística e juntas permitem criar uma harmonia que acho que é muito bonita de se ver e acho que foi isso que me cativou neste desporto”, contou ao Jornal A VERDADE.

Apesar de ser “bastante exigente” a conciliação da escola com a patinagem, José Souto acredita que as áreas acabavam por se “ajudar uma à outra, mais em termos de organização e disciplina”. “Houve algumas características da patinagem que me permitiram também transpor para a vida académica e conseguir gerir da melhor forma”, disse.

Além disso, retira como uma vantagem dos dois mundos o empenho e o interesse “que as pessoas têm de ter pelas áreas em que se envolvem, porque acho que é fundamental as pessoas serem interessadas e procurarem aprender e melhorar aquilo que sabem, com a humildade de reconhecer os seus defeitos e pontos mais fracos”.

Com a pandemia e as restrições às quais este período esteve sujeito, bem como devido a alguns “compromissos de trabalho”, a participação do jovem em competições desta modalidade ficaram “em standby”. “Por já não ter a mesma disponibilidade para treinar e conseguir o mesmo número de horas que tinha quando ainda não exercia fica difícil, eu tenho noção que é difícil manter-me ao mais alto nível”, explicou, realçando que, por não ter a certeza que conseguiria “manter a qualidade com menos tempo de trabalho”, entendeu que “seria melhor fazer uma pausa” e focar-se na sua carreira profissional, por enquanto.

As saudades confessa que são muitas. Tantas quantas as histórias que retém até hoje. “Foi uma grande parte da minha vida. Foram muitas horas que passei no ringue e fora da pista com os meus colegas e o meu treinador. Acabam por se criar laços que duram e acabam por fazer parte das nossas memórias”, lembra.

“Gostava, sem dúvida, de continuar ligado ao mundo da patinagem e de contribuir para o seu crescimento e para a melhoria da qualidade dos patinadores, porque é, para mim, dos melhores desportos que existem e tenho um carinho especial e gostava de ver uma contínua evolução deste desporto e tornar-se uma coisa maior do que já é.”

Hoje em dia, aos 26 anos, José Souto é médico interno de formação geral no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa. Escolheu este local para realizar o internato pela proximidade a casa, em Ermesinde, e por ser “um hospital grande, com muitas valências e uma abrangência tão grande”. Além disso, o clube onde patinava, fazendo par com a irmã, era da região: a Associação Desportiva de Patinagem Artística de Paredes, o que também influenciou na decisão.

“É possível conciliar uma profissão tão exigente como a Medicina e, nos anos anteriores, o estudo, a formação e mesmo o ensino universitário, com a prática de um desporto que acho que é fundamental – seja ele qual for – para o desenvolvimento das pessoas, tanto o desenvolvimento intelectual como físico”.

A patinagem foi, para si, “uma mais-valia enorme”, até porque conseguiu também “contactar com tantas pessoas diferentes” e “ter tantas experiências”. “É possível as pessoas terem duas áreas pelas quais se interessam sem ter de escolher uma ou outra, conseguir trabalhar lado a lado e desenvolverem as duas. Muitas vezes, é uma coisa que mesmo para os pais é difícil de compreender e muitos deles acabam por influenciar os pais a escolher apenas uma, mas acho que são coisas completamente diferentes, têm muito pouco a ver uma com a outra, mas que acabam por ser complementar e ajudar no desenvolvimento das crianças e dos adolescentes e dos adultos também”, finaliza.