Quando se inscreveu para ser dadora de medula óssea, em 2012 , Bruna Santos "nunca imaginou" que seria chamada 12 anos depois para "salvar uma vida". Mas foi exatamente isso que aconteceu. No dia 7 de agosto recebeu uma chamada do Centro de Sangue e da Transplantação do Porto a dar conta de que era compatível com um doente.
"Foi algo inesperado. Disseram-me que era compatível com uma pessoa que estava a precisar e perguntaram se estava disponível para fazer os exames necessários para perceber a percentagem de compatibilidade", começou por explicar.
Foi algo inesperado
E, nesse momento, "tudo" lhe passou pela cabeça. Desde a inscrição, em 2012, aquando da Leucemia do sogro, até aos dias de hoje. Não estava à espera, mas não pensou duas vezes: "mostrei-me logo dispo-
nível. Era um caso urgente e os exames foram logo marcados para o dia seguinte".
Exames estes que atestaram que Bruna Santos era "97% compatível com o doente". No dia seguinte, foi
marcada a extração de medula. "Fiz através da punção da medula óssea, na zona da bacia. Tudo depende do tipo de problema que o doente tem e também da nossa saúde. No meu caso, não podia ser através do sangue, então optaram pela outra forma", referiu. Dor? Sentiu no dia seguinte e compara-a a "uma queda, nada de mais".

Uma chamada que mudou a vida de Bruna Santos para sempre e que ajudou "a salvar uma vida". Após a
doação, recebeu uma carta enviada pela mãe do doente, que dizia: "não sei quem és, mas isso não importa. O que importa é que hoje estás a salvar a vida do meu filho e serei eternamente grata por isso. Que Deus seja generoso contigo e ilumine o teu caminho e te retribua em dobro o bem que estás a fazer. Pediram para não revelar a nossa identidade, nem nós saberemos a tua, mas sei que um dia a vida fará com que, de alguma forma, te possamos agradecer. Pelo menos nas nossas orações. Obrigada, muito obrigada. Salvaste o meu filho e a minha família. Seremos eternamente gratos".
Não custa nada, não dói nada
Uma carta que colocou Bruna Santos a chorar no caminho para casa. "Se tinha dúvidas de que estava a fazer o mais correto, elas desapareceram todas naquele momento", garantiu, emocionada.
Ao expor o testemunho, Bruna Santos afirma que não pretende "receber menções, nem louvores.
Apenas fiz a minha parte, aquela que compete a qualquer ser humano. Pretendo apenas sensibilizar e alertar para a necessidade de sermos dadores. Não custa nada, não dói nada, não tem riscos para a nossa saúde e salva uma vida. Já estive do lado da família que recebe a notícia de que existe um dador compatível e experimentei a leveza de espírito que é ser dador. É 100% seguro, jamais fariam isso se afetasse a saúde da pessoa que está a doar, não custa nada, é tirar um pouco de sangue e salvar
uma vida", concluiu.