Em 2021, ano em que atingiu a maioridade, Diogo Silva estreou-se na procissão da Romaria da Senhora Aparecida, numa das ‘tarefas’ com maior responsabilidade.
Esteve entre os cerca de 100 homens que carregava o maior andor do mundo e, três anos depois, mantém a maior tradição da Romaria da Senhora Aparecida, no concelho de Lousada.
O jovem de 21 anos é natural da Sobreira (Felgueiras), mas há cinco anos o amor fê-lo mudar-se para o concelho de Lousada, mais precisamente para Aparecida e já se sente um aparecidense. Tanto que há três anos que é um dos homens a carregar o andor da procissão. “Foi sempre um gosto. Eu comecei quando o meu cunhado partiu a perna. Ele tinha feito a inscrição, mas não conseguia ir, eu fui no lugar dele. Mas o bichinho foi ficando. O ano passado voltei a carregar o andor ao lado dele e, este ano, se Deus quiser vou outra vez”, garante.
Na primeira experiência, Diogo Silva recorda que tinha “um bichinho na barriga. Não tinha experiência, por isso não sabia como ia ser. Nós vemos, mas não sabemos como é carregar o andor, só quem lá vai é que sabe. Há um tempo certo para nos metermos debaixo do andor quando levantam, quando vai sair. Mas vamo-nos guiando pelos mais velhos e é mais fácil”, diz o jovem.
No final, a emoção é “muito grande” por conseguir “concluir” o percurso de quase uma hora e meia. “Prontificamo-nos a ajudar e, no fim, conseguir concretizar é uma alegria. Sente-se muita emoção e há uma grande devoção à Nossa Senhora da Aparecida”.
Quem está do lado de ‘fora’ fica com o “coração nas mãos”, como é o caso da namorada de Diogo Silva, que fica “de coração aos saltos. Quando pousamos o andor é só lágrimas”.
Há alguma preparação para carregar o andor? O jovem diz que “a única preparação que existe, previamente, é uma reunião, em que o padre tenta organizar as pessoas e são entregues as camisolas“. No dia, é “ter fé e seguir o que os mais velhos dizem e as instruções do armador. O que ele disser, nós temos de cumprir”.
“Não é uma vaidade, mas é mesmo um gosto”
Entre os cerca de 100 homens que carregam o andor, “o forte são pessoas mais velhas”, mas ainda existem “alguns jovens” a querer seguir a tradição, que “não se perde. Cada vez mais, os jovens se vão juntando para a cumprir. Este ano, vi pessoal mais novo para os outros andores e quem carrega os outros andores, daqui a uns anos está a pegar no grande. Na reunião vi jovens da minha idade ou mais novos a quererem pegar e a demonstrar gosto”.
Diogo Silva garante que quem carrega o andor o faz “por gosto. Não é uma vaidade, é um sacrifício que se faz com gosto. É o ponto mais alto da festa e que toda a gente está à espera”. Por isso, chegar ao fim e pode dizer que carregou “o maior andor do mundo é um orgulho, não só por pertencer à terra, mas, também, por puder fazer parte da romaria”.
O dia de voltar a carregar o andor está a chegar (14 de agosto) e Diogo Silva já se prepara para voltar à terceira fila, “mesmo atras dos mais velhos”. O calor “vai-se aguentando com uma água fresquinha”.
Enquanto vai no percurso, são várias as ‘vozes’ de motivação, mas saber quem são torna-se , “às vezes, difícil. Mas ouve-se tudo, porque vamos em silêncio, não vamos ali na galhofa”. Aliás são essas mesmas vozes que dão “força” para continuar. “Quando chegamos à rotunda e temos de subir para a capela é um momento em que estamos cansados. Quando as pessoas começam a dar força e a bater palmas é bom, sentimos uma grande força”, garante o jovem.
Diogo Silva tem vontade de continuar e só pensa em deixar “quando não puder”.
Rosinha e Maninho atuam na Romaria Senhora Aparecida. Veja aqui o cartaz completo