À semelhança de grande parte dos miúdos, também Diogo Carvalho, natural de Baião, achava a música clássica “aborrecida” e “coisa de adultos” e não imaginava que um dia iria ser não só a sua escolha na universidade como o motivo de uma emigração, em conjunto com a sua cara-metade.
Há cerca de três anos que Diogo Carvalho e Inês Pais vivem na Holanda e frequentam a Escola Codarts, em Roterdão, um desafio ao qual se candidataram juntos e que abriu novas oportunidades fora de Portugal. “Conheci a Inês em Castelo Branco, na Escola Superior de Artes Aplicadas, onde ambos estudamos música. Mais tarde, decidimos realizar provas e fomos aceites em Roterdão, o que acabou por ser uma escolha óbvia. Fazermos esta mudança juntos tornou a experiência muito mais fácil”, partilha Diogo Carvalho, em entrevista ao Jornal A VERDADE.
O gosto pela música nasceu na Banda Musical da Casa do Povo de Santa Marinha do Zêzere, local onde ingressou por incentivo do pai. “É curioso que antes achava aborrecida a música clássica, mas acabei por começar a aprender trombone”. Um ano mais tarde, o jovem baionense recebia um convite do maestro Hermínio Fonseca para estudar na Academia de Artes de Cinfães, e foi a partir daí que o “bichinho pegou” e que Diogo Carvalho decidiu estudar música. “Depois de experimentar e estar envolvido no meio começou a despertar curiosidade e emoções que nunca tinha experienciado”, explica.
Na época em que terminou o 3.º ciclo “não havia oferta formativa de música na região” e, por isso, começou por tirar o curso de Científico-Humanístico na Escola Secundária de Baião, até ao dia em que abriu o curso profissional de instrumentista de sopros e percussão na Escola Secundária de Cinfães, onde acabou por viver e estudar três anos.
Mais tarde, o baionense mudou-se para Castelo Branco, onde não só se licenciou como se apaixonou pelo trombone baixo, mas também por Inês Pais, também ela instrumentista, neste caso, de violino. Atualmente, encontram-se a estudar música clássica na Holanda e têm como objetivo principal ingressarem “numa orquestra. Fazer uma prova e ganhar o lugar numa orquestra, o ideal seria na mesma orquestra”, partilha Diogo Carvalho.
De Portugal restam as “saudades. Tem sido uma experiência muito benéfica, aprendemos com alguns dos melhores professores a nível europeu e isso só pode ser enriquecedor, mas a saudade de Portugal está sempre lá”.
Com 25 anos e muitos sonhos por conquistar, Diogo Carvalho vê-se a tocar numa orquestra e, com muita sorte, espera poder partilhar o lugar junto da sua namorada. À comunidade deixa ainda uma mensagem de incentivo: “O maior conselho que posso dar é para serem curiosos, para nunca terem medo de perguntarem e interagirem com as pessoas do meio, mandem mensagem a professores para terem aulas com eles, seja no nosso país ou no estrangeiro, porque com as tecnologias é muito fácil ter uma aula online e aprender mais”.