Cresceu a ouvir a avó falar dos “sermões e teatros que fazia”, mas o gosto pela área surgiu “de uma forma muito natural. Os meus pais sempre me levaram muito ao teatro, desde pequenina, sempre gostei muito e questionava-me como seria estar em cima do palco“, recorda Maria Carlos, uma jovem artista natural de Lousada.
Sem “ninguém na família” na área do teatro, a jovem de 20 anos recorda a primeira peça de teatro que fez, ainda na escola primária. “Estava no terceiro ano e era preciso fazer uma peça. O professor viu que eu não estava muito bem, tinha mudado de escola e estava a adaptar-me. Escreveu uma peça e disse ‘gostava que fosses tu a atriz’. E eu fiz. Lembro-me que não queria decorar um guião, achava uma chatice, mas decorei tudo e gostei imenso. Pensei ‘não é assim tão chato como achava que seria'”.
Seguiu-se o conservatório, no quarto ano, e anos depois o canto lírico. “Mas já tinha algumas saudades de fazer teatro. Como o teatro musical conjuga o canto e o teatro pensei ‘vou experimentar’. E assim foi, no final do nono ano decidiu aprofundar os conhecimentos do teatro na ACE Escola de Artes. “Acho que sempre me fui encaminhando muito no sentido de quero estudar sobre isto. Lembro-me que pensei ‘faço o exame de português e posso sempre ir para outra área. Experimento algo diferente no secundário e depois na faculdade vou para um curso dito ‘normal’. Fiz provas e entrei na licenciatura em História na FLUP, mas também entrei em Teatro. Conclusão, decidi seguir teatro”.
Uma área “difícil” em Portugal e que despertou “algum receio” na mãe. “Ela não queria que fosse para o Porto sozinha, tinha 15 anos. Mas agora ela gosta muito da área. Claro que tem muitos medos, mas apoia-me”, garante Maria Carlos.
O que é para ti o teatro? No dia em que se assinala o Dia Mundial do Teatro, 27 de março, a jovem lousadense não tem dúvidas de que “é uma das formas de arte mais bonitas, porque acontece em tempo real, não há como voltar a atrás. A adrenalina de só acontecer uma vez e a energia do público torna-a na arte mais bonita e verdadeira”.
Mas é, também, um “parente pobre, numa era de ‘fast food’, em que tem de ser tudo muito rápido” quando comparado com o cinema e a televisão, duas áreas que “gostava de experimentar. Acho que é importante experimentar tudo“.
Quanto aos sonhos, Maria Carlos confessa que está a gostar de estudar teatro “e descobrir mais sobre a área”, mas reconhece que “em Portugal é difícil viver do teatro. Mas temos de seguir aquilo que nos faz feliz, porque na verdade nenhuma área é certa neste momento“, termina a jovem.