Esta quinta-feira, dia 19 de maio, assinala-se o Dia Mundial do Médico de Família e há 15 anos que João Bernardes se dedica "a ajudar o próximo".
Médico de Medicina Geral e Familiar, João Bernardes não se recorda quando surgiu a vontade de seguir medicina, mas sempre soube que queria ser médico. "Sempre senti uma necessidade de ajudar o próximo", relembra João Bernardes que confessa que essa necessidade se aliou ao gosto que nutria pela área das ciências naturais, "nomeadamente biologia, física e química".
Em 2001, entrou no curso de Medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa
e seis anos depois, em 2007, tornou-se médico. "Foi nessa altura que fiz o juramento de Hipócrates, um evento muito marcante na vida de um novo médico, em que se aceitam e confirmam, por juramento público, os estatutos da arte médica com especial realce no lado missionário da profissão", recorda João Bernardes.
Foi no quinto ano da faculdade, no decorrer de um estágio realizado em Beja, que conheceu a especialidade de Medicina Geral e Familiar, "um modelo de bom funcionamento dos cuidados de saúde primários e das unidades de saúde", que o deixou "fascinado com a interação positiva e a diferença que um médico de família pode fazer pelos seus utentes. Poderia ajudar as pessoas na doença, mas também em todos os períodos da vida".
Para se tornar médico de família foi necessário um ano de internato comum, seguidos de três anos de formação específica na especialidade de Medicina Geral e Familiar (MGF). Médico de família há 13 anos assume que a sua função "vai muito além da cura. Deve promover comportamentos e estilos de vida saudáveis, prevenir a doença (por exemplo através da vacinação), intervir em doenças que podem ser detetadas precocemente através dos rastreios (nomeadamente os rastreios oncológicos), encaminhar pessoas doentes para as áreas de especialidade específica, quando estes beneficiam de tal cuidados, acompanhar as fases de vida mais frágeis e que necessitam de cuidados especiais (como as grávidas, crianças e idosos)".
João Bernardes, que por coincidência comemora o seu aniversário no mesmo dia em que se assinala o Dia Mundial do Médico de Família, acompanha, diariamente, "a pessoa como um todo, no seio da sua família e comunidade durante todas as etapas da vida" e como nos conta, a sua semana é dividida por diversas atividades distintas. Distribuídas por um horário médio semanal de quarenta horas, nas quais
se faz vários tipos de consulta, divididas em três grandes grupos. "As consultas presenciais: as de vigilância, consultas marcadas pelo utente para discutir algum problema, fazer uma avaliação de saúde ou mostrar exames; a consulta aberta, para resolver um problema agudo que deve ser respondido no próprio dia; e as consultas domiciliares, direcionadas para os utentes com incapacidade de se deslocarem à unidade de saúde".
Além das consultas presenciais, o médico de família explica que existe muito trabalho não assistencial, uma dificuldade "dado o número de utentes que são atribuídos a cada médico de família, claramente acima do ideal. A minha lista de utentes é de quase dois mil. Como é de esperar, estes números condicionam uma enorme carga de trabalho", sublinha.
Ao longo do seu percurso profissional de 13 anos como médico de família, João Bernardes confessa que é "difícil" isolar uma situação, mas recorda o caso "mais marcante de um doente com neoplásica metastizada, que tinha meses de vida. Fez quimioterapia durante um tempo, até que o cancro venceu quando já estava em cuidados paliativos e faleceu nos meus braços".
Recordou ainda algumas "situações complicadas", como as primeiras vezes que teve de dar más notícias, "como um diagnóstico de cancro e de doenças como o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH)". Mas também de "muitas situações boas" em que ajudou pessoas "que estavam com depressão, que tinham problemas familiares ou laborais. Dizer a um doente que está tudo bem é sempre gratificante".
Experiências que o marcam e o fazem sentir-se pessoalmente "realizado". Quanto à carreira médica, a equipa de trabalho que o acompanha na USF Marco são a "motivação" de João Bernardes para continuar na profissão. "Não tenho palavras para descrever a equipa que me desafia diariamente e me ajuda a crescer profissionalmente, e também os meus utentes, que seria muito difícil abandonar".
